ATA DA NONAGÉSIMA SÉTIMA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEXTA
LEGISLATURA, EM 10-10-2013.
Aos
dez dias do mês de outubro do ano de dois mil e treze, reuniu-se, no Plenário
Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às
quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida
pelos vereadores Airto Ferronato, Bernardino Vendruscolo, Cassio Trogildo, Dr.
Thiago, Fernanda Melchionna, Guilherme Socias Villela, João Carlos Nedel, João
Derly, Mario Fraga, Mauro Pinheiro, Paulinho Motorista, Paulo Brum, Séfora Mota
e Tarciso Flecha Negra. Constatada a existência de quórum, o senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
vereadores Alberto Kopittke, Alceu Brasinha, Any Ortiz, Delegado Cleiton,
Idenir Cecchim, Luiza Neves, Marcelo Sgarbossa, Márcio Bins Ely, Mario Manfro,
Mônica Leal, Nereu D'Avila, Pedro Ruas, Professor Garcia, Reginaldo Pujol,
Sofia Cavedon e Waldir Canal. À MESA, foram encaminhados: o Projeto de Lei do
Legislativo nº 304/13 (Processo nº 2779/13), de autoria do vereador Delegado
Cleiton; o Projeto de Lei do Legislativo nº 291/13 (Processo nº 2573/13), de
autoria do vereador João Carlos Nedel; e o Projeto de Lei do Legislativo nº
300/13 (Processo nº 2696/13), de autoria do vereador Marcelo Sgarbossa. Em
continuidade, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo vereador Mario
Fraga, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. A
seguir, o senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à senhora
Sílvia Carneiro, da Escola Amigos do Verde, que discorreu sobre licenciamento
ambiental da obra da trincheira da Avenida Cristóvão Colombo e planejamento de
preservação das espécies remanescentes. Em prosseguimento, nos termos do artigo
206 do Regimento, os vereadores Any Ortiz, Jussara Cony, Marcelo Sgarbossa,
Mario Fraga, Fernanda Melchionna e Sofia Cavedon manifestaram-se acerca do
assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e
quarenta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo
retomados às quatorze horas e cinquenta minutos. A seguir, o senhor Presidente concedeu a
palavra, em Comparecimento Especial, ao senhor Jorge Barcellos, que apresentou
resumo de sua tese de doutorado intitulada “Educação e Poder Legislativo: a
contribuição da Câmara Municipal na formulação de políticas públicas no
Município de Porto Alegre (2001-2008)”. Em TEMPO DE PRESIDENTE, pronunciou-se o
vereador Dr. Thiago. Após, por solicitação da vereadora Fernanda Melchionna,
foi efetuado um minuto de silêncio em homenagem póstuma ao senhor Afrânio Pedro
Capelli, falecido no dia de ontem. Em continuidade, o senhor Presidente
concedeu a palavra à vereadora Sofia Cavedon, para manifestação acerca do tema
abordado pelo senhor Jorge Barcellos. A seguir, foi aprovado Requerimento de
autoria do vereador Alberto Kopittke, solicitando alteração na ordem dos
trabalhos. Às quinze horas e cinquenta e nove minutos, os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Bernardino Vendruscolo, Alberto Kopittke,
Alceu Brasinha, Mônica Leal, Pedro Ruas e Mario Fraga. Na ocasião, foram
apregoados os seguintes Memorandos, deferidos pelo senhor Presidente,
solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, em
Porto Alegre: nº 056/13, de autoria do vereador Engº Comassetto, amanhã, em
Audiência Pública sobre o tema “Cadeia produtiva do Carnaval”, às nove horas, no
Teatro Dante Barone do Palácio Farroupilha; e nº 071/13, de autoria da
vereadora Lourdes Sprenger, hoje, na inauguração do Laboratório de Análises
Clínicas do Hospital Beneficência Portuguesa, às dezessete horas, no Museu de
História da Medicina do Rio Grande do Sul. Durante a Sessão, o vereador Alceu
Brasinha manifestou-se acerca de assuntos diversos. Também, foram registradas
as presenças da professora Claudia Poli e de alunos da Escola Técnica Estadual
Parobé. Às dezesseis horas e trinta e três minutos, constatada a inexistência
de quórum, a senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
vereadores Dr. Thiago e Bernardino Vendruscolo e pela vereadora Sofia Cavedon e
secretariados pelo vereador João Carlos Nedel. Do que foi lavrada a presente
Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada pelos senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Mario Fraga está com a palavra.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Em votação o Requerimento do Ver. Mario Fraga.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se encontram.
(Pausa.) APROVADO.
Apregoo Requerimento, de autoria do Ver. Alceu
Brasinha, que solicita representar esta Casa na Feira Infantil Municipal.
Passamos à
A Sra. Silvia
Carneiro, representando a Escola Amigos do Verde, está com a palavra, pelo
tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo ao
licenciamento ambiental da obra da trincheira da Avenida Cristóvão Colombo e
planejamento de preservação das espécies remanescentes.
A SRA. SILVIA
CARNEIRO: Boa-tarde a todos, amigas, amigos presentes; Vereadores e Vereadoras,
estudantes, é um prazer estar aqui nesta Casa, e eu vou pedir para vocês 10
minutos de atenção e carinho para que a gente possa contar um pouco da situação
que a gente tem vivido. Como sempre, quando a gente inicia qualquer atividade,
a Escola Amigos do Verde, na qual eu sou Diretora e fundadora, a gente começa
harmonizando e parando um pouquinho. Então, peço que vocês, dentro do possível,
sentem e respirem por um minutinho, sentirem-se aqui e agora, dia 10 de outubro
de 2013, na Câmara de Vereadores, percebendo os seus sentimentos e os seus
pensamentos; respirando. Eu vou fazer uma fala breve, mas eu gostaria que
estivessem todos muito harmonizados para poder achar um caminho para essas
situações que a gente vem vivenciando na nossa Cidade.
Peço que passem rapidamente algumas fotos da Escola
Amigos do Verde. (Procede-se à apresentação em PowerPoint.) Com isso eu peço
que vocês vão se harmonizando com vocês mesmos, com as pessoas aqui presentes,
com a nossa linda cidade de Porto Alegre, com o nosso planeta. Enquanto isso, a
gente vai respirando e percebendo esse trabalho que a Escola vem fazendo ao
longo de 30 anos.
E a gente finaliza com uma foto realizada aqui, em
2011, quando recebemos o Prêmio Comenda Porto do Sol, por indicação do Deputado
Estadual, na época Vereador, Aldacir Oliboni.
O que nos mobiliza para estarmos aqui diz respeito
ao projeto da trincheira da Av. Cristóvão Colombo, situado em frente à nossa
Escola.
Primeiramente, devemos esclarecer que compreendemos
a necessidade da evolução das cidades e os projetos que visam ao seu
desenvolvimento, desde que eles considerem o bem-estar da comunidade, bem como
o impacto social e socioambiental gerados por esses. A Escola Amigos do Verde,
desde a sua fundação, há 30 anos, usufrui desse precioso espaço, inicialmente da propriedade da família Neugebauer e, atualmente da
Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil. Situada em uma área de 3.600
metros quadrados de área verde, com mais de cem espécies de vegetais, dentre
elas algumas centenárias, possui uma rica biodiversidade de flora e fauna.
Tenho aqui um livro à disposição de vocês (Mostra o livro.), elaborado pelos
alunos e professores de biologia da escola com o registro da flora; o da fauna
está em processo. Nós temos Educação Infantil e Ensino Fundamental até o 5º
ano. É uma linda pesquisa em que mostra as famílias. Também tem o livro sobre a
escola (Mostra o livro.), que eu escrevi há três anos.
Em 13 julho de 1990,
há 23 anos, através do Decreto nº 9.735, essa área passou a ser Área de
Proteção Ambiental – APA, pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e pela
SMAM. A edificação nesse mesmo espaço tem a sua construção datada de 1936,
possuindo inestimável valor histórico. E, conforme informação da Epahc, estava em processo final de
tombamento, faltando somente a sua publicação oficial, quando esse processo
sumiu.
A partir de outubro
do ano passado, em 2012, quando começamos a ouvir falar sobre a execução da
obra da trincheira, o diretor da escola, Frederico Carneiro Behrends, aqui
presente, passou a tentar comunicação com o engenheiro responsável, Rogério
Baú, da SECOPA, através de diversos telefonemas e e-mails, buscando – em vão – informações para que pudéssemos
esclarecer a nossa comunidade, o bairro. Somente nove meses após, em maio de
2013, conseguimos marcar uma reunião com Rodrigo Kandrik, representante da
Secretaria da Governança, sendo que ele não compareceu a essa reunião,
enviando, na última hora, uma outra pessoa que pouco nos informou. No dia 15 de
maio, depois de muita insistência, foram-nos respondidos alguns questionamentos
básicos, por e-mail.
Outro assunto que diz
respeito às árvores situadas em frente à escola, isto é, na Avenida,
solicitamos, via protocolo na Prefeitura, o transplante dessas árvores para
dentro do nosso espaço ou praça próxima, visto que elas haviam sido plantadas
em 2005, oito anos antes, pelos alunos da escola, e o Secretário do Meio
Ambiente da época, o ex-Vereador Beto Moesch. Na época, esse plantio foi realizado
para compensar o túnel de jacarandás que existia na Av. Cristóvão Colombo e
que, em função das obras de duplicação, foi cortado. Infelizmente, essa
solicitação não foi considerada. Na oportunidade em que fizemos a descrição
dessas árvores, realizada pela empresa Geoprospec, que fez o laudo do impacto
dessa obra, descreviam como árvores de cinco a seis metros de altura. Esse
laudo estava equivocado, pois essas árvores não tinham esse tamanho. Enfim,
essas árvores se foram. Na ocasião do corte dessas árvores, realizamos um
manifesto com a comunidade escolar questionando a ação da Prefeitura e, então,
recebemos a visita do Secretário Mauro Zacher, da SMOV, e do Urbano Schmitt,
Secretário da SECOPA, na época, hoje da Gestão, durante a qual foi demonstrado
a intenção de avaliar o projeto de preservação desse espaço e uma reformulação
do projeto.
Somente em agosto, agora, em reunião com os
representantes da SMOV, SMAM, Epahc, entre outros, soubemos da revogação do
tombamento dessa área, dessa APA, que foi em outubro de 2012, demonstrando, por
parte da Prefeitura, total desconsideração à comunidade escolar e ao bairro –
área esta que estava tombada por 22 anos. Inicialmente, em maio de 2013,
avisaram-nos que seriam dois metros de recuo do nosso muro. Agora, já está em
quatro metros e meio, o que aponta para uma indefinição ou pouco estudo sobre o
projeto. Em setembro, tivemos uma reunião com o Prefeito em exercício,
Sebastião Melo, com qual ficou combinado que, em dez dias, teríamos um retorno
sobre a continuidade da área de preservação ambiental e, passados já 30 dias,
isso ainda não ocorreu. Entendemos que a revogação da área de preservação
ambiental está justificada por motivos de utilidade pública e interesse social.
Porém, acreditamos que essa revogação é contrária a esses interesses, pois
assim tornará essa área vulnerável à especulação imobiliária, que todos sabemos.
A pergunta que fica: que critérios foram utilizados
para avaliar o impacto social dessa obra? Que alternativas poderíamos construir
para que, concomitantemente, realizássemos a obra, sim, e protegêssemos essa
área? Diante disso, a Escola Amigos do Verde, juntamente com a comunidade,
solicita o imediato tombamento da área, isso é a revogação da revogação.
Segundo, alternativas para realização dessa obra, preservando essa APA e o
menor impacto ao entorno, bem como ciclovia e um Projeto Verde, lembrando do túnel
centenário de jacarandás que lá existia. Visto que essa obra não é mais da
SECOPA, isto é, não tem mais prazos, e, sim, ela é do PAC. Por fim, solicitamos
o tombamento do prédio – nada mais justo.
Enfim, amigos e amigas presentes, Vereadores e
Vereadoras que são cuidadores amorosos da nossa Cidade, vocês aqui,
independentemente de partido, somos todos do planeta Terra. Responsáveis pela
administração nesta gestão da Prefeitura, pedimos pelas crianças, idosos,
educadores e demais cidadãos de Porto Alegre que não deixemos para a memória de
nossa Cidade essa revogação de tombamento de mais uma área de proteção
ambiental, como também a execução de uma obra sem planejamento, priorizando a
rodoviarização. Deixemos um legado que priorize a qualidade de vida, a harmonia
entre os seres, a mobilidade respeitosa, a sustentabilidade como uma visão em
longo prazo – não oito anos, muito mais – no qual nossos netos e bisnetos irão
se orgulhar. Muito obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Any Ortiz está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
A SRA. ANY
ORTIZ: Gostaria, em primeiro lugar, de parabenizar a Silvia por essa
maravilhosa explanação. E eu gostaria de falar aqui hoje, em meu nome, como
Vereadora desta Cidade, como uma cuidadora da cidade de Porto Alegre e também
como uma moradora do bairro que, muito antes de poder ocupar este espaço aqui
na Câmara de Vereadores, eu já batalhava para a gente poder ter uma obra assim,
porque, nós, da comunidade, somos a favor da obra, mas temos opções para fazer
com que essa obra saia e que a gente ajuste os interesses públicos da Cidade,
não em contraponto aos interesses privados, porque o interesse público também é
o interesse da comunidade. A comunidade entende que a trincheira da Av.
Cristóvão Colombo vai tornar o nosso trânsito mais fácil, vai trazer um
benefício muito grande para a Cidade, mas esse benefício não pode causar um
dano irreparável e um dano que vai ser para sempre para os moradores daquela
região. Podemos – e a comunidade já fez essa proposta para a Prefeitura, para
poder reduzir este dano – diminuir o tamanho da alça. Algumas pessoas da
Prefeitura entendem – e eu tenho as minhas restrições, que são enormes – por
conta de ações individuais, unilaterais e egoístas de motoristas, que podem
infringir uma lei de trânsito, que nós temos que ter as alças do tamanho que a
Prefeitura está propondo, que é de cinco metros. A comunidade entende que essas
alças podem ser menores. Há legislação onde o projeto pode se apoiar para
diminuir o tamanho das alças e, assim, reduzir o impacto sobre toda aquela
região e não só sobre a escola, que, com certeza, vai ter um prejuízo
irreparável, inclusive com relação a árvores imunes ao corte, que estão dentro
desse espaço sobre o qual a Prefeitura vai ter que avançar, por conta da alça e
da calçada.
Venho aqui fazer um apelo – e parabenizo a Sílvia –
para que as leis e os projetos desta Cidade sejam voltados para as pessoas de
bem para podermos viver em harmonia e de bem com a Cidade, e não para quem pode
ou prevenir alguma ação ilegal que pode ser feita em determinado local. Muito
obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Jussara Cony está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. JUSSARA
CONY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras. Silvia, em nome do
João Derly e em meu nome, da bancada do PCdoB, em primeiro lugar, quero te
cumprimentar por essa iniciativa de estar aqui, hoje, conosco. Eu acho que já
no início fizeste um momento que acho muito bom, que é um momento para a gente
se voltar para si mesmo, mas pensando num processo coletivo e em se harmonizar
para ouvir. Então, acho que é um bom exemplo, como é um bom exemplo também – e
aí entra algo que eu gostaria de dizer, sob o ponto de vista da gestão
pública... A Cidade é de todos, a Cidade é para todos, e a gestão pública tem
que ter esse olhar para o diálogo não só acontecer, mas para ter concretude,
ainda mais quando se trata de um projeto educacional estratégico na nossa
concepção, como o projeto que tu nos apresentas aqui, e que é uma realidade
objetiva na vida dessas crianças, na vida daquelas famílias que, enfim, estão
lá com essa oportunidade. E aí, sob o ponto de vista da gestão, a gestão também
tem que olhar como um exemplo. Por que nós não podemos ter essa concepção?
Aliás, devemos ter essa concepção em todas as escolas, inclusive nas escolas
públicas, porque aí entra algo que é essa perspectiva de futuro, de futuro do
nosso planeta. A educação é fundamental e é estratégica para o futuro que nós
queremos. Porque não adianta falarmos em desenvolvimento com sustentabilidade
se nós não tivermos a concepção, sob o ponto de vista das gerações futuras, de
que é preciso sustentabilidade para o desenvolvimento, porque a matéria-prima
está na natureza, a matéria-prima de todas as áreas de produção. Então, esse
educar para a preservação, esse educar para um olhar de que há necessidade de
ter sustentabilidade para o desenvolvimento acontecer, ainda mais num país que
tem a maior biodiversidade do mundo.
E eu finalizo, em nome da nossa Bancada, te
homenageando, colocando-nos à disposição, liderados pelo Ver. Dr. Thiago, que
tem toda uma relação também porque é médico, porque é da área da saúde e faz
essa relação com a questão ambiental, com a qualidade de vida, enfim, porque
nós aprovamos nesta Casa o projeto que trata da política municipal de plantas
medicinais, que já está dialogando com a legislação estadual e com a nacional.
E, assim que o Prefeito Fortunati sancionar – inclusive aproveito para fazer um
convite porque eu quero que um projeto desse teor seja sancionado com esses
atores sociais –, me coloco inclusive à disposição, como farmacêutica, porque
eu acho que ali é um lugar maravilhoso para termos um pequeno horto de plantas
medicinais com essas crianças, que são o presente do nosso País para construir
um futuro melhor. Meus parabéns!
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Marcelo Sgarbossa está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. MARCELO
SGARBOSSA: Boa-tarde, Silvia; boa-tarde a todos os representantes da escola,
pessoal da escola. Eu cheguei atrasado porque estava levando a minha filha
pequena na escolinha. Como moro longe da Amigos do Verde – o Beto bem que
tentou me seduzir, parabenizo inclusive a iniciativa do Beto de fazer a ponte
aqui, que tem a Violeta que estuda lá. Silvia, o que você traz aqui é um pouco
mais do mesmo que temos visto. Essas grandes obras viárias, na verdade, estão
sendo feitas com a justificativa da Copa e, como diz o Vice-Prefeito, é
dinheiro barato, que nós precisamos aproveitar. Mas isso, infelizmente, não
está implicando em uma discussão com Porto Alegre, de que conceito de Cidade
nós queremos. Então, a trincheira da Av. Cristóvão Colombo, a da Rua Anita
Garibaldi, a quadruplicação da Av. Beira-Rio, todas são obras em que se
questiona o porquê dessa visão “rodoviarista” de Cidade. Vocês estão sendo
atingidos por essa visão ultrapassada, infelizmente. Essas obras estavam previstas
há 20 ou 30 anos, mas isso não significa que elas precisem ser feitas, até
porque, hoje nós temos cem emplacamentos de veículos diários em Porto Alegre.
Então, qualquer grande obra rodoviária está fadada a durar de dois a cinco anos
e terminar pelo incentivo ao uso do automóvel individual. Estamos aqui para nos
somarmos a essa luta, e à ideia do tombamento e as outras lutas da escola podem
ser discutidas aqui na Câmara. E, como você bem colocou, Silvia, não são mais
obras da Copa, então não têm mais essa urgência. Então, por que não
rediscuti-las do ponto de vista da escala humana e não da escala das máquinas?
Obrigado. Parabéns.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): O Ver. Mario Fraga está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. MARIO
FRAGA: Vereador-Presidente, Dona Sílvia, sou o Vice-Líder da Bancada do PDT,
Vice-Líder do Governo Fortunati, e represento aqui a Bancada do PDT, com o Dr.
Thiago e os Vereadores Márcio Bins Ely, Nereu D’Avila, Luiza Neves e Delegado
Cleiton. Nós somos a base do Governo, e somos do Partido do Governo, Silvia. Eu
quero, primeiro, te dar os parabéns pela escola, por esse trabalho que eu já
conheço há bastante tempo. Inclusive, quando fui colega do Oliboni, que já
trouxe vocês aqui, eu estava aqui também. É um trabalho reconhecido da escola,
mesmo que seja por uma classe mais abastada, eu acho que isso não importa,
importa o trabalho e a mensagem que vocês passam. Eu fico em uma situação
difícil aqui pelo Governo, mas eu quero representar o Governo e não me furtar
desse meu ofício aqui na Casa. O que eu posso fazer? Eu posso me colocar à
disposição, e eu falei com o Ver. Márcio Bins Ely, que nosso Líder, a Ver.ª
Luiza Neves e o Ver. Delegado Cleiton, para que possamos, em um futuro, se V.
Sa. assim desejar, fazer uma visita à escola, ou a direção vir aqui na nossa
bancada, na sala do Presidente, para vermos o que podemos fazer. Infelizmente,
eu não posso lhe dizer o que os colegas dizem, “que se pare a obra neste
momento”. Eu, como gestor, como administrador, eu não vejo como parar, mas eu
acho que alguma solução, V. Sa. e a direção da escola, com certeza tem. Então
eu gostaria até que fosse por papel, por escrito, alguma mensagem, alguma
sugestão para que possamos levar ao Prefeito Fortunati. Até porque V. Sa. deve
conhecer o Prefeito, a sua sensibilidade e a sensibilidade de sua esposa,
Regina Becker. Estamos à disposição, a Bancada do PDT, e boa sorte mais uma vez
e meus parabéns pelo trabalho, Amigos do Verde!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Fernanda Melchionna está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA.
FERNANDA MELCHIONNA: Eu queria cumprimentar a Silvia e todos e todas
que estão presentes. Primeiro, quero parabenizar o trabalho da Escola, acho que
uma Escola engajada na educação ambiental, na educação das crianças do Ensino
Fundamental para cidadania; inclusive, vi fotos de composteiras, ou seja, toda
uma relação das crianças e da escola com a natureza, o que é um exemplo. Tem que
ser um exemplo e tem que nos pautar o futuro, vide a última pesquisa sobre
aquecimento global, que saiu nessa semana, com dados trágicos, em relação a
essa sede de lucro e essa destruição brutal que nós vemos no nosso meio
ambiente e também em Porto Alegre. Tu falavas nas obras da Copa. Nós tivemos a
retirada de 83 árvores do coração da Cidade, próximo da Usina do Gasômetro,
onde houve mobilização da juventude, houve resistência, houve a luta pelo
debate e por alternativas que permitissem a preservação da natureza e menos
impacto ambiental, e isso não foi feito. Na trincheira da Anita Garibaldi, que
impacta árvores centenárias, mais de cem árvores, a comunidade se mobilizou,
buscou alternativas, mas, infelizmente, a intransigência do Governo não permitiu
que a Cidade ganhasse. E nós temos o caso da Cristóvão Colombo, que tu nos
trazes, e, para mim, muitas coisas que nos trouxeste foram uma grande novidade.
Primeiro, os nove meses em que uma escola ou qualquer cidadão da nossa Cidade
busca informações do Poder Público e não tem. Isso é contra a lei de acesso à
informação pública, isso é contra os princípios básicos de transparência de uma
Prefeitura que tem que governar para as pessoas, ou seja, para toda a Cidade.
E, ao mesmo tempo, não só a ausência de diálogo, como a ausência de
esclarecimentos e a mudança do planejamento no meio do curso. Tu falavas em
árvores transplantadas que foram plantadas como contrapartida de jacarandás que
foram derrubados e que são derrubados de novo na Cristóvão Colombo, em nome de
uma obra sobre a qual a comunidade não foi ouvida, que não apresentou
planejamento e que sequer as reuniões foram cumpridas! Então, eu quero te
parabenizar por vir aqui trazer essa problemática, mas não só te parabenizar,
também colocar o PSOL – o Ver. Pedro Ruas, nosso Líder, e eu – à tua
disposição. E não só à disposição para luta, mas para chamar alguma audiência
imediatamente, pode ser na Comissão de Direitos Humanos aqui Câmara, convocando
a Prefeitura para debater com a Cidade, porque é assim que construímos uma
cidade para as pessoas. Parabéns! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, falo também em nome do Ver. Pedro Ruas, creio que da
Ver.ª Fernanda Melchionna, da Ver.ª Jussara Cony, dos três partidos de
oposição.
Silvia, quero dizer o seguinte: estou aqui chocada,
porque já acompanhava o tema da Anita, já estava indignada porque a comunidade
não tinha sido ouvida – a comunidade teve reunião com o Vice-Prefeito, teve
reunião com o Busatto, antes da eleição, toda aquela mobilização, acampamento,
pediu para ouvir, apresentou alternativas, audiências públicas contundentes e
teve que engolir. Não, não engoliu, a obra está lá parada, além da arrogância,
além do autoritarismo do Governo em relação à comunidade, porque não é possível
que o representante do povo não discuta com o povo a aplicação de obras, na sua
cidade, que implicam na vizinhança. O Estatuto da Cidade fala em Estudo de
Impacto de Vizinhança, por exemplo, e nós temos isso no Plano Diretor. Não
bastasse isso, hoje tu nos contas – desculpa-me não saber – que foi revogada a
APA da área da escola mais preciosa que nós temos, que se dedica à questão
ambiental em Porto Alegre, além da inclusão, que são as notícias que eu tenho
da Amigos do Verde. E revogar uma área, eu acho que é ilegal. Daqui, eu levarei
ao Ministério Público, se vocês não fizeram essa denúncia. Devia ser um
decreto, porque lei aqui não passou. Por isso esse debate de decretar APA, Ver.
Marcio Bins Ely; revogar uma Área de Proteção Ambiental sem debate com a
comunidade é ilegal, não tenho a menor dúvida! É ilegal, fora de ser desonesto,
desrespeitoso com vocês, que se manifestaram, que pediram para se manifestar e
queriam ser ouvidos. Para além de toda agressão que já se fez, a obra hoje está
parada, porque não havia estudo geológico, que é obrigado pela Lei nº 866, Lei
das Licitações. Agora, os elementos novos trazidos aqui, o esforço da escola
para proteger as árvores, o desrespeito, a falta de diálogo, é inaceitável!
Quero parabenizar a escola, dizer que os
encaminhamentos propostos têm na oposição parceria para encaminhar, a gente
pode conversar, se não for encaminhado assim pelo conjunto de Vereadores e pela
Câmara. Parabéns e contem conosco.
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Reitero, Professora Silvia, o encaminhamento feito
pelo Ver. Mario Fraga. Esta Presidência está à disposição, de forma democrática
e ampla, para poder proceder à nova reunião interna e ver de que forma pode
ajudar. Muito obrigado pela presença.
Estão suspensos os trabalhos para
as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h49min.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 14h50min): Estão
reabertos os trabalhos.
Agradeço a presença da professora Claudia Poli e dos
alunos do Parobé, que sempre ilustram e enaltecem essa nossa atividade
parlamentar de quinta-feira. Parabéns ao Parobé por essa atividade, que é muito
importante para a formação política e para o entendimento da população,
começando pelos adolescentes.
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): Hoje temos o comparecimento do Sr. Jorge Barcellos, que apresentará o resumo da sua tese de Doutorado intitulada “Educação e
Poder Legislativo: a contribuição da Câmara Municipal na formulação de
políticas públicas no Município de Porto Alegre (2001-2008)”. O Dr. Jorge
Barcellos é o querido servidor do nosso Memorial, que sempre, de forma muita
qualificada, auxilia todos os Presidentes, independentemente de seu matiz
político, porque ele tem um profundo entendimento que seria importante que
pudesse haver – a grande maioria dos servidores da Casa tem –, o resguardo do
Legislativo, da instituição do Legislativo, que é fundamental para o Estado
Democrático de Direito. Parabéns mais uma vez. Quero pessoalmente reiterar que,
nos momentos mais difíceis que esta Casa viveu neste ano, Jorge, a tua postura
e os teus artigos, tanto lá naquele momento da invasão quanto depois, agora,
relembrando os 240 anos da Câmara, quando muitas vezes nós tivemos toda a
dificuldade em função inclusive de ações que tivemos neste ano, principalmente
a ação da TVCâmara, do canal público, do incentivo, ações que tivemos através
das mídias comerciais no sentido de não esclarecimento e não aprofundamento das
ideias que são discutidas aqui, inúmeras vezes, nas Sessões plenárias. Parabéns
pela tua postura na defesa incondicional e integral do Legislativo e da
democracia por assim dizer.
O Sr. Jorge Barcellos está com a palavra.
O SR. JORGE
BARCELLOS: Muito obrigado, Presidente. Boa-tarde, Vereadores e estudantes.
Agradeço as palavras gentis do Presidente. Sou servidor público há 30 anos e
acho que o que se espera dos servidores é a nossa contribuição para o
aprimoramento da função pública, da função legislativa, e é o que tento fazer
no meu trabalho todos os dias.
Este trabalho que está aqui ao lado é produto da
minha pesquisa, que foi defendida no programa de pós-graduação em Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, por orientação da Professora Nalu
Farenzena, e acho que é bastante importante situar o núcleo da Universidade
como núcleo importante em termos de construção de políticas públicas. Uma das
coisas que acredito que seja importante para todos é compreender o processo de
construção de políticas públicas em nosso País em nível local. Acho que os
jovens devem saber isso, porque, na medida em que a juventude consegue se
engajar nestes processos, com maior eficácia poderíamos ter políticas públicas
melhores no nosso País. Quer dizer, isso significa conhecer como funciona a
máquina pública por dentro, conhecer como funciona o Poder Legislativo por
dentro, um setor onde se movem atores sociais, onde se movem políticas
públicas, onde há regras, regulamentos, e isso nem sempre é uma coisa muito
cristalina e simples para a população de um modo geral. Trabalhos como o meu
tentam dar, em primeiro lugar, credibilidade e valor à instituição política, e,
em segundo lugar, informar o cidadão de como funciona este caldo de cultura que
atravessa e compõe o Poder Legislativo.
Vou organizar minha exposição em duas partes
principais. É uma tese extensa. São 400 páginas de análise, mais 150 páginas de
tabelas. São mais de 104 tabelas que construí a partir de 114 projetos de lei
que analisei, sem fazer referência às inúmeras outras proposições que também
foram contabilizadas. A primeira parte dessa atividade hoje é a apresentação da
unidade que tem essa pesquisa, a sua organização – vou comentar isso –, e a
segunda parte é a apresentação dos dados das principais tabelas que me
pareceram interessantes para este momento, como forma de apresentar o retorno
aos Vereadores, o retorno à Casa desta pesquisa, e retorno principalmente à
comunidade. Eu quero, ao final, ter demonstrado, por meio da tese, de que esta
Casa produz muito mais do que se imagina, mas que pode produzir mais ainda,
pois tem uma capacidade de reserva muito grande para fazer política pública.
Algumas questões que foram importantes para mim,
nesse trabalho, são encontrar os determinantes da função parlamentar. É
importante saber que a tese de doutorado tem questões a serem explicadas; quer
dizer, a objetividade do método de pesquisa numa investigação desse porte é que
questões eu estava procurando, os determinantes da ação do Legislativo na
formulação desse tipo de política que é a política educacional. Eu estou
preocupado e quero valorizar a ação educativa. E por que é que isso nasceu em
primeiro lugar: eu sou o servidor responsável por atender às escolas e eu precisava,
em primeiro lugar, responder para os estudantes que estão aqui hoje, com dados,
o que faz este parlamento para contribuir com a educação, e isso não havia sido
pesquisado ainda, não havia uma investigação a respeito disso.
Para isso, outras questões vieram. As questões
seguintes que eu tentei investigar são os argumentos que os Vereadores utilizam
para justificar a constituição de um problema educacional – isso é muito
importante; quer dizer, não adianta a gente saber que existem, em nível local,
inúmeros problemas de Educação a serem resolvidos. Também é importante saber
como eles chegam aos Vereadores e como eles se tornam um problema político a
justificar a ação dos Vereadores. Quer dizer, o problema está lá fora. Como é
que ele chega aqui dentro? Como é que ele se transforma num problema aqui
dentro desta instituição? Que repertório de temas de agenda governamental
apresentam os Vereadores em seus projetos de lei? Eu consegui elencar o perfil,
fiz o mapa dos temas de agenda que esta Câmara faz. Quais são as preferências
dos projetos de lei dos Vereadores no campo educacional? Vocês vão ver. Como as
comunidades do legislativo afetam o processo de tomada de decisão? E aí é que
entra uma perspectiva ampliada. Não se trata apenas de saber qual foi a lei aprovada,
mas se trata de entender como a Câmara funciona, e a Câmara funciona porque
aqui há comunidades instaladas de Vereadores. Enfim, eu vou listar para vocês
como elas afetam esse processo, como elas utilizam seus recursos durante as
sessões plenárias, como esses recursos facilitam, trazem obstáculos para
efetuação do papel do Parlamento como ator importante no campo de políticas
públicas. Quer dizer, é isso que eu chamo de jogo político, porque aqui nasce,
se articula e se efetua, e dele nasce um produto: políticas públicas.
Finalmente, a última questão: a contribuição que dá
o Legislativo no campo das políticas educacionais e quais são as contradições.
Sim, este Parlamento ainda tem as suas contradições, como qualquer instituição.
Ele ainda deve superar isso. Esta parte apresenta os problemas e apresenta o
sumário dessa pesquisa, que é o resumo. Então, o meu primeiro capítulo
trabalhou a Câmara Municipal de Porto Alegre como locus de políticas públicas, e essa análise envolve o nascimento
das Câmaras, como elas se portaram da Colônia ao Império, como elas
atravessaram o século XIX até a época de hoje. Eu fiz uma leitura que é
essencial, que eu acho que todos os estudantes devem fazer, do Raymundo Faoro,
Os Donos do Poder. A leitura que eu fiz foi diferente. Eu consegui localizar
tudo aquilo que esse eminente jurista analisou na história política brasileira
focando as câmaras municipais do Brasil. É essa visão da Câmara Municipal geral
que não tínhamos ainda. Fiz isso para descobrir que esta Câmara hoje tem um
legado do passado que passa por duas questões que para mim são fundamentais: as
câmaras sempre foram lugares secundários na organização da vida das suas
comunidade, mas que tinham uma aspiração pela sociedade ao redor, pelos seus
integrantes, e tinham uma aspiração a ser algo mais. Compreendem esse ponto?
Raymundo Faoro coloca muito isto em diversas câmaras no nosso País: como os
Vereadores se sentem limitados nas suas funções locais e como eles aspiram a
ser algo melhor para as suas comunidades. Este é o espírito que eu encontro
ainda hoje na Câmara de Porto Alegre, de fazer algo melhor indo às suas
comunidades.
O segundo elemento é a sua estrutura, a sua
organização. Essa estrutura, essa organização é o que solidifica a sua prática,
é a sua burocracia institucionalizada e, ao mesmo tempo, é um dos elementos
principais do seu conflito: como tornar processos legislativos ágeis, processos
que são duros, em tempo de velocidade e rapidez. Então, a Câmara hoje ainda tem
essas dificuldades. Eu enumero um dos conflitos básicos que nós temos: a Câmara
é quem faz leis, a Câmara é quem aspira a superar os limites da lei em nome do
bem comum, e as instâncias que, na Câmara, interferem na produção parlamentar,
e às vezes limitando em nome dessa mesma lei. Eu vou demonstrar, para isso,
adiante, que setores específicos da Câmara fazem esse papel de pressão.
Nesta primeira parte, eu ainda tento mostrar uma
coisa que é importante: eu encontrei 61 teses, Presidente, sobre Câmaras de
Vereadores do Brasil e eu pude estabelecer uma tipologia. Ou elas tratam de
abordagens da história, ou tratam dos atores que influenciam o processo
legislativo, ou tratam de políticas públicas como a minha, ou analisam a
conjuntura em que Câmaras estão envolvidas, ou analisam como se dá o processo
legislativo, ou, no caso, tratam desta Câmara de Vereadores de Porto Alegre. E
por que isso? O centro da produção é o eixo Rio de Janeiro – São Paulo; o Rio
Grande do Sul é o terceiro lugar que produz pesquisas sobre Câmaras de
Vereadores, e aí a Câmara Municipal de Porto Alegre, notavelmente, já possui
algumas pesquisas a respeito. Eu tabulei isso.
Mas, ainda nesta primeira parte, há uma questão
fundamental e para a qual eu peço a atenção de todos. Um dos dramas que os
Vereadores encontram para fazer leis de educação é a ideia, é o conflito do
conceito de competência e o conceito de interesse local. Vou tentar resumir. A
Lei Orgânica, de uma certa forma, diz que os Vereadores têm o poder de legislar
sobre inúmeras coisas de interesse comum e silencia sobre o campo educacional.
A nossa Lei Orgânica – esta tese tenta dizer isso, e é muito importante que os
Vereadores acompanhem –, ela é insuficiente para determinar aquilo em que deve
atuar o legislador no campo de formulação de políticas públicas de educação. O
que o meu estudo tentou apontar, sugerir, indicar é que é necessário uma
reforma da Lei Orgânica nas atribuições dos artigos que tratam das competências
privativas deste legislativo para que se encontre um maior amparo para
iniciativas dos Vereadores no campo da educação.
Eu tento fazer isso considerando um segundo
aspecto. Em termos de carreiras políticas que servem e que alimentam a Câmara
de Vereadores, Presidente, é notável que aumentou o número de professores, e
isso agregou qualidade ao trabalho legislativo. Entretanto, iniciativas de
projetos de lei, eu constatei, eles encontram obstáculos muito grandes, hoje,
na sua tramitação, em função de que aquilo que os Vereadores querem, colocado
no jogo político no qual os diversos atores se manifestam, como as Comissões,
uma Procuradoria, não há um consenso do que pode ou não o Vereador legislar em
termos de educação. Aí, vocês têm um Vereador buscando uma iniciativa e a
Procuradoria vetando, com base na Lei Orgânica, que só explicita o que é de interesse
comum à iniciativa do Parlamentar. Você vê inúmeros processos que têm um
destino muito trágico, ou porque demoram a serem levados a plenário, ou porque
ficam aguardando serem votados. Enfim, é preciso retomar esse ponto do processo
legislativo como fonte de políticas públicas.
Na segunda parte da tese, eu tentei identificar as
principais causas que levam um problema de educação a ser transformado em
projetos de lei pelos Vereadores. Em primeiro lugar, os Vereadores fazem
projetos de lei de educação porque justificam que se trata, em primeiro lugar,
de uma fundamentação legal. O que isso significa? Que encontram a necessidade
de atender leis anteriores e, às vezes, até superiores, para formular a
construção de uma lei local. A segunda iniciativa que faz com que os Vereadores
façam leis de educação é porque eles sentem a necessidade de integrar as
políticas públicas que são aquém do Poder Legislativo, que são do Poder
Executivo. Os Vereadores identificam buracos, focos com os quais as políticas
públicas não estão entrando em contato. Então o projeto do Vereador tenta dar
unificação, criar vínculos, agenciar. Os Vereadores também sentem que, no campo
educacional, alunos e instituições necessitam serem protegidos; e a necessidade
de proteção é uma das bases das proposições que são feitas aqui, na Câmara de
Vereadores. Outros Vereadores possuem crenças específicas que desejam defender,
no campo educacional – o que eu chamo de concepção pessoal –, que também
originam projetos de educação.
Outra função que origina projetos de lei é a
necessidade de reconhecimento – Presidente, isso é uma coisa importante. Uma
das coisas pelas quais a Casa é muito criticada é o número de homenagens que a
Câmara faz. O que eu tentei mostrar? Que práticas, carreiras e ações que são feitas
por professores são valorizadas pelo Parlamento. Isso é importante como uma
forma de valorizar o campo educacional, mas eu destaco isso porque acabo
conceituando como, de certa forma, uma legislação simbólica, que não tem um
valor real, não é uma escola nova, mas valorizar um professor, homenagear
professores que fazem um bom trabalho, homenagear instituições e escolas que
têm um bom trabalho, isso é significativo do ponto de vista da construção de
políticas públicas. Vi projetos de lei que foram construídos tentando trabalhar
e difundir conhecimento na comunidade escolar e vi projetos de lei que foram
construídos com o objetivo de atender penas e problemas que foram enunciados
pela mídia, mas isso é apenas ainda o ponto inicial: como é que os Vereadores
reconhecem algo como um problema de educação? Essas são as razões que fazem os
Vereadores fazerem leis de educação. Agora os temas dessas leis eu pude
encontrar os seguintes: proposições que enumeram semanas educativas na rede de
ensino, que enumeram eventos educativos, que enumeram ações educativas na rede
e no sistema escolar, sim, ou os projetos que fazem títulos e distinções, os
projetos que visam à proteção escolar, projetos que querem aperfeiçoar lei,
projetos – ponto importante para quem está pensando a questão dos manifestos de
junho – projetos de lei que tem a ver com o transporte escolar; são temas dos
processos dos Vereadores, projetos dos Vereadores também trabalharam a questão
do currículo escolar o que se deve ensinar na escola, projetos que tentaram
introduzir novos direitos no campo da educação escolar, projetos que tentaram
dar orientações e norte no campo da organização e posicionamento das escolas;
tudo isso então, para concluir, projetos que estabelecem políticas públicas. No
seu conjunto essa é a agenda dos projetos de educação desta Casa, quer dizer,
são diversos temas que são privilegiados pelos Vereadores – tomada de decisão.
O terceiro ponto, Presidente, que é fundamental
deste meu trabalho, como é que os Vereadores decidem, eu usei como referência a
Teoria do Ciclo de Políticas Públicas, um projeto, a ideia de um problema
nasce, ela é apropriada pelos políticos, esses políticos propõem uma solução,
se decide essa solução; até aqui a Câmara é um ator fundamental. Depois daqui
vai para o Executivo para a fase de implementação – Executivo e Legislativo,
fase de avaliação; então a política pública ela é algo que tem no Poder
Legislativo uma base muito importante da sua organização. Estou ainda
descrevendo esse sumário. Analisei como é esse processo legislativo dentro da
Câmara. O que trata o Regimento Interno, o que trata aqui a organização interna
da Casa. É aí que entram as comunidades. Observem que eu
destaquei quem participa da construção de políticas públicas de educação na
Câmara: a presidência, a Procuradoria – e vou adiante –, Partidos e Vereadores,
Comissões Permanentes. Esses são os atores diretos. Quais são os atores
indiretos? Quer dizer, aqueles que estão acompanhando o que é decidido aqui: o
Prefeito, a comunidade que participa, que acompanha, que faz sugestões, os
próprios alunos, vocês e setores empresariais. Talvez o ator que eu tenha destacado tenha sido a
Procuradoria, porque eu encontrei um lugar de tensão, de conflito muito grande
entre os que os Vereadores desejam fazer e aquilo que a Procuradoria da Casa
diz que é possível fazer. Por exemplo, analisei projetos de Vereadores, na
Procuradoria. E quais são as características que eu vi nesses projetos? No
final das contas, muitos dos pareceres acabam protegendo o que é a iniciativa
do Prefeito, protegendo o que é a iniciativa privada, tirando a substância de
projetos de lei; o que seria, de uma certa forma, uma análise sociológica dos
efeitos desses pareceres. É evidente que esses pareceres têm o objetivo claro,
que é o aperfeiçoamento jurídico da Casa, que é o seu grande mérito, mas
existem outras coisas interessantes que ninguém tinha visto; existe uma
negociação entre as proposições que os Vereadores fazem, e a Procuradoria
apresenta como limites. Essa negociação como o ato do legislador não se dá
intrapares, mas se dá, portanto, mas se dá, portanto, entre os diversos atores
no interior da Câmara de Porto Alegre. Há alguma indiferença, talvez, aos
pareceres da Procuradoria, porque muitos processos continuam a sua tramitação,
independente de um procurador ter dado o parecer contrário. E, em alguns casos,
eu observei que por mais que os Vereadores tentassem transformar o Poder
Legislativo como lugar de políticas públicas, porque tem um espaço físico
notável, ainda assim isso era objeto de obstáculo na análise legal. Como fazer
isso? E a síntese disso é que tanto Vereadores quanto a Procuradoria que tem
um... Pensava-se que havia uma tensão muito grande entre o que as Comissões
Permanentes e o que o plenário decidem... Na verdade não são dois, mas é um
triângulo que negocia como os projetos de lei devem ser aprovados. No fundo,
nós temos uma virtude em destaque, que é o aperfeiçoamento do Legislativo, que
se aperfeiçoa justamente porque é um lugar de tensão, e tensão do quê? Da
interpretação do que deve ser feito.
Mostrei na
dissertação todas as emendas, substitutivos, os recursos que há. Observem,
principalmente o público, como são complexos os instrumentos que fazem uma lei
chegarem ao final: emendas, substitutivos, pedidos de
diligência, atos de contestação, declaração de voto, pedidos de informações e
providências que resultam um tempo da tramitação do projeto, que revelam o
alinhamento dos políticos ao redor, no momento da tomada de decisão.
Isso é apenas a
apresentação do sumário. Eu entreguei um texto que é um pouco do resumo disso;
a tese está disponível na Internet.
Vejam aqui a produção
geral desta Câmara no ano de 2001 a 2008. Olhem que notável: nós tivemos em
oito anos: 30.546 proposições, no geral, entre projetos de lei do legislativo,
projetos de lei complementar, projetos de emenda à Lei Orgânica, requerimentos,
decretos legislativos, pedidos de informações, indicações, pedidos de
providências.
Olhando essa tabela,
e ainda que a tese tenha começado analisando projetos de lei no campo da
educação – 114 de um total de 2.440 projetos de lei –, observem que iniciativa
legislativa, proposições, e ainda que haja a grande reflexão, a grande produção
de conhecimento, a grande produção de iniciativa legal sejam os projetos de lei
do legislativo, observem o número de pedidos de providências e de indicações.
Quando eu me dei conta disso, pensei que isso tem que significar algo. Quer
dizer, não é possível que uma instituição dê tanto valor a algo, aparentemente,
entre aspas, considerado secundário, e produza tanto. Eu tentei encontrar o
sentido disso. Observem a produção legislativa com relação à educação
propriamente dita. Vocês viram: 30.546 proposições, no geral, sendo 2.440
projetos de lei em oito anos e, em termos de educação, nós tivemos um total de
877 proposições. Quer dizer, nós temos um número significativo de proposições
nesse período.
Comparem com o
Executivo nesse mesmo período. A produção do Executivo em oito anos chega a 543
proposições, e proposições gerais do Legislativo: 30.546 proposições, este
Parlamento. De onde este Parlamento produz pouco? Eu confesso que eu não sei,
pois são 30.546 proposições. Nós temos do Poder Executivo, que vem da
Prefeitura para este Legislativo analisar, 543, sendo que projetos de lei do
Executivo são 432, no período de 2005 a 2008; 232, no período de 2001 a 2004.
Vamos ver um pouco mais: quantos projetos de educação o Executivo faz? Em oito
anos, 28 projetos de lei, total de iniciativas do Executivo. Quantas a Câmara
de Vereadores fez? Fez 877. Estão se dando conta do que esta Câmara produz?
Esse é o argumento da minha defesa.
Nós temos aqui a tabela estatística daquilo que eu
tentei falar em um dos capítulos: o que faz nascer as bases de identificação
dos problemas dos projetos de lei da Casa? Vamos tomar aqui um exemplo, nós
analisamos aqui o total de 114, observem que, desses 114, tivemos 41 aprovados,
64 arquivados e 9 vetados. Só que dos arquivados nós temos ainda, pelo menos,
um terço de projetos aptos, em condições, Vereador, de serem votados. Isso me
chamou a atenção: o mercado de reserva de iniciativa legal que esta Câmara tem
e não foi aproveitada. Entendem, quando eu digo que a Câmara produz muito mais
do que se imagina, mas menos do que pode. Menos do que pode por quê? Porque nós
temos projetos de lei na Ordem do Dia esperando, aguardando esses projetos
arquivados, parte deles estão em condições, eu diria, de ir à votação.
Então, eu tentei enumerar, por exemplo, projetos
que nós tivemos... Eu estou vendo um item, só para exemplificar, seis projetos
que o Vereador vê a necessidade de integrar políticas públicas. Então, olha só
que importante, esse é um projeto cuja natureza é uma atribuição notável do
Vereador: identificar momentos em que a Administração Pública não vê em que
ações podem ser conectadas, ligadas. Seis projetos tiveram essa iniciativa, 14%
das iniciativas, portanto, outros nove estão arquivados, uma parte aguarda para
ser votado, dois foram vetados, de um total de 17 projetos. É claro que de
todos esses... Apesar de que eu acho todos esses importantes, como base pelas
quais um projeto de lei inicia na Câmara, é claro que a necessidade de
reconhecimento continua sendo a grande vitoriosa – 31,7%. Quer dizer, nos
projetos que são de iniciativa dos Vereadores – homenagens, entre eles – que eu
saliento: é importante valorizar o magistério, é importante valorizar
instituições educacionais. Isso revela uma necessidade de reconhecimento, de o
legislador reconhecer o valor da sociedade. Nós temos ainda o grande líder de audiência,
vamos dizer assim. Esse tipo análise não havia sido feito em nenhum momento da
Câmara, quer dizer, em relação às bases que fazem um projeto de lei nascer na
Câmara, mas tem mais. Por que tem mais? Porque nós temos aqui uma outra tabela
que eu selecionei, que é o tema da agenda. Não é o motivo que leva os
Vereadores a fazer um projeto de lei, mas é o tema do projeto de lei. Observem
que tem uma diferença. Então, eu enumerei: políticas públicas, semana
educativa, eventos educativos, ação educativa, títulos e distinções, proteção escolar, adequação da lei,
transporte, currículo escolar, novos direitos, organização e funcionamento – 41
aprovados, 50 arquivados, por quê? Porque 14 foram rejeitados e nove foram
vetados. E onde houve maior veto? Naqueles projetos que tentaram afetar de
alguma forma a organização e o funcionamento da escola. E em quais houve mais
aprovação? Nos títulos, mas também em todos aqueles que tentaram, de alguma
forma, colaborar com o sistema de ensino, com ações, com eventos, com semanas
educativas. Talvez aqui o importante sejam os projetos cujo tema de agenda são
aqueles projetos de lei que queriam introduzir mecanismos nas leis locais e
eram já determinados por leis maiores. E isso aconteceu aqui também. Além
disso, eu separei uma tabela para vocês terem uma noção das teses que falam
sobre câmaras municipais. Hoje, para vocês verem, encontrei 11 teses só sobre a
Câmara de Porto Alegre, dentre 61 teses do País inteiro, no sentido de que a
Região Sul do País tem produzido pesquisa, mas essa pesquisa não tem sido
divulgada. Vocês veem aqui outro dado. Esse é um bom dado, uma tabela para
debate, para polêmica, para polemizar. É evidente que eu tenho mais tabelas,
não elenquei sobre isso. Eu tentei mostrar os projetos de lei de educação que
foram aprovados por partidos. Eu tenho tabelas dos rejeitados, eu tenho tabelas
dos arquivados, enfim, só para ter uma noção dos partidos que, nos dois
períodos, e eu tentei analisar esse tipo de distribuição, produzem mais ou
produzem menos. Observe: o fato de um partido, vamos dizer assim como o Partido
Progressista ter produzido menos projetos de lei não significará – e eu vou
desenvolver isso ao longo da tese – menos iniciativas, porque ele se concentrou
em outra forma de produção. Por exemplo, hoje o PP foi o líder dos Pedidos de
Providências, que são melhorias nas escolas, desde a limpeza à instalação de
luz, é uma coisa que colabora no que eu chamo de manutenção e desenvolvimento
de ensino, que é a preservação do sistema. A Câmara colabora na preservação das
estruturas físicas da realidade escolar, e isso é notável. Cada vez que um
Vereador manda um Pedido de Providências para botar luz na frente da escola,
para melhorar a segurança... E eu elenquei os temas dos Pedidos de
Providências, é muito superior à agenda do projeto legislativo, porque mostra
uma eficácia muito maior de circundar o tema da educação por parte dos
Vereadores. Isso tudo está demonstrado aqui. Então, você tem, por exemplo, eu
encontrei uma distribuição dos projetos de lei por partidos, isso varia
conforme o ano, há momentos em que há uma produção maior, há certas janelas das
legislaturas, no ano de 2002, no ano de 2007 também. Em 2006, aliás, se
produziu mais do que a média, e, para tudo isso, existem razões de conjuntura
política que eu escrevi para explicar. Observem essa tabela, discriminei os
Pedidos de Providências por assunto que esta Câmara faz ano a ano, e o que ela
faz? Olhem como é muito maior do que os temas dos projetos de lei, que são 11,
enquanto aqui são quase 30. Medidas para melhorar a sinalização da escola, os
passeios públicos junto à escola; banheiros e bocas de lobo que atrapalham o
acesso à escola; limpeza; a instalação de faixas de segurança; providências
quanto a lixo, esgoto, semáforos; estudos técnicos sobre escola; melhoria de
valão, capina, poda; redutores de velocidade; iluminação; campanhas educativas;
fiscalização da escola, segurança, instalação de placas de água; melhoria de
brinquedos, saibro, guard-rail, saúde,
telas, pátio, buracos, obras, escapamentos, eletrônicos, recursos humanos,
políticas de transportes e outros temas, enfim. Isso é sensacional! Isso é
notável, porque é uma tipologia que afeta os recursos que são dados às escolas,
que só esta Câmara consegue fazer por intermédio das iniciativas da população,
que procura os Vereadores, que fazem pedidos para os Vereadores fazerem
melhorias. Isso, em termos de políticas públicas, se chama de manutenção e
desenvolvimento de ensino. É uma categoria de política de educação, e é com
isso que a Câmara colabora, está lá, está escondido, ninguém vê o que se fala,
são encaminhados no plenário, mas, no conjunto da política educacional, tomam
um valor muito grande, porque é quase arriscar que se equiparam à iniciativa
legal.
Aqui, eu selecionei um pouco dos temas que eu tinha
falado, como os pareceres da Procuradoria, principalmente porque é preciso
melhorar naqueles aspectos em que há conflitos, em que os Vereadores querem
transformar a Câmara em lugar de execução de políticas públicas, e, por uma
série de mecanismos, isso acaba chegando à Procuradoria como algo que deve ser
negado, porque não é o Vereador que deve dizer o que fazer com este espaço, é o
conjunto da maioria dos Vereadores que deve autorizar ou não. É isso que é o
problema, isso criou um problema, porque um Vereador quer transformar o
Legislativo num espaço de realização de uma política, fazer um grande evento,
botar o recurso físico à disposição de uma política, e porque foi iniciativa de
um e não do colegiado é vetado pela Procuradoria. Tem-se aí um momento de
conflito. Entendem? Existem pequenos detalhes que estão fazendo a tramitação de
projetos de lei esbarrar em pedras e que podem ser aperfeiçoados. Eu acho que
isso é muito importante. É claro que, do meu ponto de vista, é necessária uma agência
fiscalizadora, que a Procuradoria cumpre, com notável brilho, mas também fazer
com que esse movimento dos projetos de lei que vão e voltam entre os Vereadores
e a Procuradoria tentando consertar detalhes, esse é um tempo que pode ser
reduzido, na minha opinião.
Observem aqui que eu tentei mostrar um pouco dos
projetos de lei e tipos de decisão. Esta é uma tabela bastante sintética,
porque mostra, ano a ano, os projetos de lei de educação e PLCLs que foram
aprovados, rejeitados, vetados. Colocando isso em totais, é muito importante a
questão de você poder perceber o que esta Câmara conseguiu aprovar, mas, aqui,
por exemplo, nós temos uma distinção que eu tento estabelecer, porque o fato de
estar arquivado não significa que este projeto está fora do mercado. Não, ele
está disponível. E este é um problema, nós temos projetos arquivados em termos
de educação, 49, onde eles estão em condições de serem votados. E por que não
são votados? O Vereador não se reelegeu e não está aqui para fazer esse projeto
ir adiante; e o projeto não retorna à tramitação, é disso que eu... A Ver.ª
Mônica Leal, que retornou agora, quero elogiar V. Exa., porque uma das
primeiras coisas que ela fez foi isso, ela retomou um Projeto de Lei de sua
autoria que estava parado. E a minha questão, para ajudar, Vereadora, é
justamente isso: eu acho que alguém da sua bancada, do seu partido deveria ter
feito isso antes; não esperar V. Exa. retornar. É isso que eu quero sugerir
aqui aos Vereadores. Que os Vereadores possam observar das suas bancadas, dos
seus integrantes, quando muda de Governo, quais projetos que ficaram parados e
que eles mesmos, de alguma forma, tomem a iniciativa de tocá-los adiante. Isso
significa incrementar em um terço a produção desta Casa. Não é pouca coisa.
O resumo da minha análise, que eu tentei mostrar,
ao final da minha investigação, para encerrar, tentei reunir... Apresentei só
meia dúzia de tabelas; são mais de cem e elas estão na Internet para melhorar
essa função pública. Tentei, então, analisar esses elementos integrantes e,
aqui, alguns principais. Observo que há conflitos de interpretação na Casa. O
que deve ser uma lei de educação, como ela deve se estabelecer. Esses conflitos
se dão principalmente entre atores que interferem nesse processo. Então, esses
conflitos são entre a Procuradoria e as comissões da Casa – é um foco que nós
devemos trabalhar.
Uma melhoria muito importante no processo
legislativo: a instalação do precedente legislativo – que limpou do meio-campo
os projetos que eram terminantemente ilegais, inclusive de serem feitos, enfim.
Uma coisa que essa minha pesquisa valorizou: a expertise política. É fundamental isso.
Hoje, a maior parte dos nossos Vereadores têm nível superior. E o público
precisa entender que isso agrega qualidade no mandato parlamentar. E a gente
precisa valorizar que os Vereadores tenham conhecimento, que todo Vereador deve
ser um pesquisador, todo Vereador deve se interessar por um campo e se
aprofundar. Não é à toa que quando a gente tem uma presidência que tem uma
característica firme a Casa toma a característica dessa presidência. A Ver.ª
Sofia, que é professora, estimulou muito a educação e a cultura; o Ver. Dr.
Thiago, que é médico, incentiva a área de saúde. E é isso que dá uma qualidade:
a Câmara recrutar políticos com formação em diversas áreas. Os cidadãos, ao
elegerem políticos com conhecimento – é importante diferenciar conhecimento,
formação universitária – estão melhorando a Casa, estão agregando expertise política. Eu acho que nós
temos isso como um valor neste Legislativo. Tentei salientar que existe
legislação nesta Casa que não produz produtos reais, mas que são importantes –
eu chamei de legislação simbólica. Uma homenagem é uma legislação simbólica que
a Casa faz, e eu tentei demonstrar isso usando a antropologia, no sentido de
compartilhar com a comunidade aquilo que a comunidade tem como exemplo de
valor. Enfim, tem toda uma literatura no campo da antropologia do Marcel Mauss,
ele explica isso, e eu tentei explicar um pouco na minha análise. Eu peguei um período
em que ainda os projetos de lei acabavam retornando, no ano seguinte, para as
comissões nas quais eles haviam sido analisados. Isso melhorou, porque hoje
eles já continuam tramitando do ponto de vista que pararam. Mas eu pude
perceber que naquele período, da primeira legislatura que eu analisei, havia um
conflito muito grande entre pareceres, às vezes, até da mesma comissão. Mostrei
como o Executivo se afirma no Legislativo através das manifestações da sua
bancada. Tentei mostrar alguns processos de obstaculização, dificuldades que
aconteceram em alguns projetos de lei – e eu vou mostrar porque isso acontece.
Provei que Vereador presente é o que move processo. Quer dizer, essa é uma
coisa que é importante fazer. Se eu estou preocupado com os projetos que estão
parados e que poderiam ir adiante, é porque sei que o Vereador que está atuando
no plenário, que está correndo atrás do seu projeto, é que o faz valer a pena e
ser votado. Quer dizer, o papel do Vereador na defesa do seu projeto. Muitas
vezes o projeto de lei é produto de uma negociação com a comunidade, quer
dizer, o Vereador é o primeiro ator, na condução, na pressão, no encaminhamento
para que esse projeto seja aprovado. Voltando à pressão, vi que muitos projetos
acabavam exatamente nesse campo indo e voltando de setores ao longo da
tramitação, caracterizando uma situação que eu chamei de flutuação processual.
Mostrei a importância dos pedidos de providências e indicações como
instrumentos da participação da Câmara na manutenção do desenvolvimento de
ensino, principalmente porque eles, item 12, estimulam – e eu estou correndo,
porque eu sei que a escola já está querendo sair e eu estou tentando fechar – a
política de cooperação. Richard Sennett é leitura fundamental, Juntos. Juntos é
uma análise sobre política de cooperação, é um livro recente desse autor, que
também escreveu a obra O Artífice, porque ele trata justamente da política e
que ele tenta, de alguma forma – o que escrevo adiante – mostrar como nós
podemos superar no âmbito do poder legislativo o que a gente pode colocar entre
aspas, para tentar diminuir a polêmica, uma certa forma de organização dentro
do universo político que a gente pode resumir do nós contra eles, quando há
disputa de ideias, há colocação de argumentos entre as diversas bancadas
ultrapassa isso e se arrasta para a esfera política, ela arrasta todo, digamos
assim, o acervo de proposições junto. A gente sabe que faz parte da política,
da sua natureza, o conflito, a negociação política, quer dizer, isso organiza,
de uma certa forma, o universo mental dos políticos e torna mais claro para
eles tentarem funcionar para atingirem os seus objetivos. E, às vezes, a gente
sabe que isso tem um lado ruim, que é uma certa disputa, uma certa luta, como
tentei colocar, em dois polos antagônicos. Isso é muito claro na política
europeia do século XIX, ou pelo menos naqueles que ele analisa na sua obra e,
de alguma, forma tu vês em alguns instantes. Quer dizer, o autor de oposição
coloca um projeto de lei e todos os vereadores de situação vão tentar se opor,
criar obstáculos e conduzir. Isto também ocorre, não quer dizer que seja sempre
assim, mas cheguei a perceber isso. Para concluir, duas coisas: o que eu vi e
me chamou a atenção que é um obstáculo para que a Câmara faça ações no campo da
educação – resumi no item 14. Principal obstáculo da ação legislativa do
Executivo, colocada pelo Executivo na forma mais simplória aqui: tem coisas que
o Executivo não faz e não quer que os outros façam. Isso significa: que bom, no
sentido de que olha, se os vereadores têm uma determinada proposição de lei
para o Executivo fazer. Só que o executivo não faz isso. E mais: como a lei, e
estou dizendo Lei Orgânica, diz que é atribuição do executivo, o Legislativo
não pode fazer. Não sei se ficou claro. Isso é só para tentar colocar a
situação porque há uma série de limitações no campo de vista legal para o
Legislativo fazer leis de educação, o Executivo acaba ficando numa posição
cômoda de decidir sozinho a política educacional e isso se torna um problema. O
que estou querendo é que os Vereadores interfiram mais na política de educação
e que não cedam a esse argumento quando, de fato, bom, se os Vereadores estão
propondo uma coisa que o Executivo não está propondo, por que eles não podem
ter sucesso nisso? – eu me pergunto. Constatei que os
Vereadores tinham iniciativas, que eram dadas como atribuição do Executivo, só
que o Executivo não fazia e pronto. Bom, se o Executivo não faz, é isso, fica
na moita, como se diz, e não deixa os outros ocuparem o lugar. Isso me pareceu
uma coisa problemática. É preciso mais política de cooperação entre os órgãos
do Poder Legislativo e o Poder Executivo. Talvez esse parágrafo encerre tudo e
de alguma forma resuma essas 500 páginas. A necessidade, eu escrevo, de
reinvenção da política passa pelo reconhecimento de que os Vereadores governam
tanto quanto o Poder Executivo. Para avançar a educação local, nós dependemos
hoje de uma reforma da Lei Orgânica que faculte aos nossos representantes no
campo das competências privativas uma maior interferência no campo educacional
tomado, definido, reconhecido no corpo da Lei Orgânica como o interesse local.
Não é possível mais que Vereadores queiram fazer leis de educação e a própria
Procuradoria coloque obstáculos, porque eles estão na Lei Orgânica, e impeça os
Vereadores de fazer legislação. É isso que me revolta, é uma reconstrução que é
fundamental para combater o ódio à política. As pessoas, hoje, vivemos num
clima de Jacques Rancière escreveu um livro sobre isso sobre o ódio à política,
as pessoas vai à rua negando as instituições. isso é muito complicado, isso é
muito perigoso. Não estou do lado das manifestações que negam as instituições,
que negam os atores políticos, não estou nem sequer dos lados daquelas
manifestações que na casa das pessoas. Acho que essa está sendo a nova regra da
relação do cidadão com seu Estado. Sou muito conservador nisso, nesse sentido.
Rancière descreve inúmeras cenas em que isso acontece. O meu esforço é tentar
mostrar por que vocês odeiam a Câmara de Vereadores
se no campo da educação nós fazemos tantas coisas? Então, é o Jorge,
funcionário, que acredita na sua instituição. Isso passa pelo esforço de
Vereadores, de funcionários, de construir um Poder Legislativo melhor. A
fantasia a ser combatida é a que diz que o Legislativo é o lugar onde se
resolvem os problemas, sinto, mas não, eles os reconstroem para possibilitar
uma ação do Estado, cheio de limites, ela encadeia problemas e soluções. Esse é
o trabalho dos Vereadores. Talvez a tese tanto procurada e finalmente
encontrada tenha sido, no fundo no fundo, a de que, em termos educacionais, a Câmara
Municipal de Porto Alegre produz muito mais do que se imagina, mas menos do
que pode. Era isso que eu estava tentando dizer. Espero que quem possa e tenha
interesse, distribuí o texto para ler e acompanhar, onde está parte dessas
tabelas em que eu mostro a produção desta Câmara, as interpretações e análises
políticas. A tese pode ser baixada da Internet, onde eu faço maiores
considerações. Friso novamente: precisamos de mais pesquisas – e tentei iniciar
isso – que mostrem a produtividade do parlamento. Acho que tem que haver,
imediatamente, mais pesquisas sobre pedido de providências e indicações que os
Vereadores fazem. Eu trabalhei mais os projetos de lei, tentei me concentrar na
tipologia que os fazem nascer, que os fazem se desenvolver na Casa, e acho que
o cidadão precisa saber isso, o cidadão que vai às ruas, que cobra dos seus
políticos ação precisa saber: nós já fazemos alguma coisa e podemos fazer mais.
Não despreze, não negue aquilo que já fazemos. Ajude-nos a construir, essa é a
minha mensagem aos alunos, uma Câmara melhor. Muito obrigado, Presidente.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Bernardino Vendruscolo assume a presidência
dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): Jorge, sente aqui ao nosso lado, por favor.
Querido Jorge, a valorização desta Casa com seu
trabalho, e que frase linda: faz-se muito mais do que se imagina, mas menos do
que pode. Servirá para nossa reflexão, Ver. Tarciso Flecha Negra.
O Ver. Dr. Thiago está com a palavra em Tempo de Presidente.
O SR. DR.
THIAGO: Ver. Bernardino; caros alunos do Parobé, que nos escutam; caro Jorge,
acho que este é um momento de muita reflexão, e eu quero fazer três colocações,
inclusive administrativas, de forma muito importante. A primeira coisa que é
importante que se diga, Ver. Pedro Ruas, é que o salário dos Vereadores desta
Casa Legislativa é o menor salário das capitais brasileiras. É importante que
se coloque isso. É importante dizer que é o menor número de servidores CCs de
todas as casas legislativas das Capitais do País. Essa reflexão, mostrando a
probidade administrativa desta Casa é importante que se faça. É importante que
se diga que esta Casa tem o dobro de funcionários efetivos do que o número de
CCs. E é importante que se diga que esta Mesa, a qual eu tenho a honra de fazer
parte, foi a Mesa que mais chamou profissionais concursados nos últimos anos.
Nós chamamos, esta semana, o 16º funcionário concursado, esgotando as vagas que
estavam abertas e que existiam já do concurso. É importante dizer que esta foi
uma das primeiras casas que aboliu o 14º e o 15º salário. É importante deixar
isso muito bem claro para a população gaúcha, porto-alegrense e brasileira.
Com relação à produção – e o Jorge trouxe esse dado
–, é muito importante fazer uma reflexão sobre esta tabela e a tabela que se
segue. Esta tabela mostra – estão ali os números – a produção legislativa desta
Casa, com Pedidos de Providências, com Pedidos de Informações, com Projetos de
Lei, com pedidos de Indicação nessas duas últimas legislaturas: 30.546
proposições! E agora, com o projeto do Ver. Bernardino, qualificamos ainda mais
os pedidos de Indicação e os Pedidos de Providências, à medida que eles vão ser
remetidos a este plenário para serem discutidos.
O Executivo, nestas duas legislaturas
correspondentes, teve um total – é o próximo gráfico do Jorge que está lá – de
543 proposições; 2001 a 2004; 2005 a 2008, pegando inclusive partidos
diferentes, coligações diferentes para mostrar efetivamente que o trabalho
legislativo é muito grande!
Quero dizer que esse sentimento que nós temos de
trabalhar diuturnamente, de as pessoas saberem exatamente onde mora o Vereador,
de as pessoas irem na casa do Vereador, se traduz em números. E o Jorge, com
muita dignidade, com muita clareza, com muita justiça, trouxe esses dados, que
eu julgo muito importantes.
E quero dizer que, sem dúvida nenhuma, a gente tem que avançar. Acho que nós estamos aí tentando avançar naquilo que se pode dentro das atividades legislativas. E a TVCâmara, como forma de democratizar a informação, como forma de ampliação da discussão, como forma de integração da discussão com a Região Metropolitana e com o número maior de pessoas é fundamental nesse processo. Eu disse hoje, no programa de rádio que acabei participando, e tenho dito sempre, que o Presidente e o Vice sofreram represálias, sim, da mídia comercial que, de certa forma, olha para a TVCâmara como uma forma de concorrência, como concorrência lá na audiência, e, efetivamente, o Brasinha já trouxe várias vezes a esta tribuna que a TVCâmara tem audiência. Nós estamos tendo a possibilidade de contatar mais de 2,5 milhões de gaúchos. São mais de 50 Municípios que chegam ao nosso Canal pela TV aberta. Isso realmente incomoda. O interessante, a gente não pode generalizar, mas a gente tem que dizer, é que isso incomoda tanto que já é verbalizado por algumas mídias comerciais. Acho que ainda podemos avançar um pouco mais no que se refere à questão dos projetos. Nós temos um curso de capacitação que está sendo coordenado pela Direção-Geral e pela Escola do Legislativo para que se possa, efetivamente, Jorge, naquilo que tu colocaste, ter-se uma elaboração mais aprimorada dos projetos de lei para que eles não precisem ir e voltar da Procuradoria, dando uma certa agilidade maior. Também já falei várias vezes aqui de um projeto – e vamos insistir para que até o final do ano a gente possa iniciá-lo – referente à cocriação de leis a partir de instrumentos, a partir de ferramentas, usando, como já falou aqui o Ver. Kopittke, a Internet, tendo um processo de cocriação de leis com a sociedade. Eu acho que dessa forma, nós, a cada dia mais, nos integramos às tecnologias mais modernas.
Para finalizar, eu quero agradecer e profundamente
quero colher as palavras que tu disseste ali, Jorge. Eu acho que esse
reconhecimento ao Parlamento e a esses Vereadores é fundamental. Esse
reconhecimento é um reconhecimento à própria sociedade. Quando a sociedade olha
para o Parlamento, ela se olha no espelho. Nenhum de nós chegou aqui ungido por
votos de Marte; nós chegamos aqui ungidos por votos de porto-alegrenses. Então,
a sociedade, quando olha, dignifica, aponta as dificuldades para que sejam
corrigidas, enaltece naquilo que tem que enaltecer seu Parlamento, ela está se
olhando no espelho e dizendo que está avançando a cada dia. E é isso o que a
gente espera sempre da Câmara Municipal de Porto Alegre, uma Câmara com 240
anos, uma Câmara de uma cidade que primeiro foi capital para depois ser cidade.
Uma história que não pode ser desconhecida por nenhum de nós e por nenhum
porto-alegrense.
Parabéns à Câmara Municipal de Porto Alegre,
parabéns ao Dr. Jorge, nosso servidor, com muita honra. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Bernardino Vendruscolo): A Ver.ª Fernanda Melchionna solicita que seja
feito um minuto de silêncio pelo falecimento, ontem, do mestre Afrânio Pedro
Capelli, do Templo Positivista. Deferimos o pedido.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
(O Ver. Dr.
Thiago reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, prezado Jorge
Barcellos, é minha obrigação, e é com muito gosto que venho aqui fazer algumas
reflexões sobre a tese apresentada por ti, e, que, com certeza, foste laureado,
porque duvido que tenha um profissional semelhante trabalhando na universidade,
com este olhar que tu trazes, e o trabalho também, persistentemente, por anos e
anos, num legislativo. Eu acredito que é um conhecimento único, sui generis, e que deve ter interessado
demais aos professores, e vai interessar demais à pesquisa, espero, na
universidade.
Os elementos, portanto, que o Jorge nos traz, de
reflexão, são elementos não só de um teórico que olha de longe, mas de alguém
que faz um grande esforço para que a educação tenha lugar nesta Casa, para que
as escolas e as universidades estejam no Parlamento, para que o Parlamento
fortaleça o debate científico da nossa área da educação.
A minha fala aqui é uma homenagem à tua
persistência, ao teu trabalho, à tua inteligência, à tua dedicação. Com
esforço, superando a dificuldade de ser um lugar que não é dedicado à educação,
acho que tu identificaste muitas das barreiras e dos obstáculos ao debate da
educação. É vero que tem um obstáculo, Jorge, que eu posso, em função dos
encaminhamentos à Tribuna Popular, não ter escutado, em função de ainda não ter
lido o teu trabalho – o que te devo –, que é o da construção dos educadores
neste País, da gestão democrática da educação, da autonomia curricular. Eu não
percebi isso e creio que esse é um obstáculo positivo, na verdade. Há uma
defesa, sim, do conjunto das comunidades escolares, do debate educacional do
País, da conquista da gestão democrática. É um obstáculo positivo o tema da
gestão democrática da educação, das conquistas, da autonomia na construção do
currículo. Tem aí um obstáculo ao legislador que vem dessa luta que eu defendo
muito, porque o conhecimento – com certeza, o Jorge compartilha disto – não
pode ser descontextualizado. Não é o Legislativo que determina qual é o
currículo, qual é o conteúdo que cada escola deve dar conta. Esse é um debate
dos conselhos de educação, que deixaram de ser meramente cartoriais ou
intelectuais e passaram a ser de representação de pais, alunos, professores e
funcionários para darem conta desse currículo que tem sentido, significado, que
reinvente e recrie a realidade, onde o conteúdo seja, de fato, meio, e não fim.
Jorge, eu quero dizer que eu me enxerguei em muitos
elementos desses que tu colocaste, mas tem um que é muito importante, que é a
hegemonia do Executivo, sim, sobre os Legislativos – isso não é uma
característica de Porto Alegre, mas do Brasil. O Executivo pode tudo; o
Legislativo pode brigar, pode pelear bastante. Se tiver, claro, uma composição
divergente do Executivo em grande maioria, ele pode trancar e inviabilizar o
Executivo, por isso o sistema político tem que ser alterado, na minha opinião. Os
sistemas políticos que elegem Executivos com uma maioria nos parlamentos talvez
deem mais viabilidade, mas com possibilidade do recall da retirada do representante, como é o parlamentarismo, não
é? Mas eu vejo muito, Jorge – a gente vivencia muito isso aqui, e a população
de Porto Alegre precisa saber –, que há questões que são legais e regimentais.
Por exemplo: o último debate que nós tivemos aqui, acho que foi o último da
adaptação dos brinquedos dos playgrounds
das escolas, uma proposição desta Vereadora, em que o Executivo tinha
desacordo. E qual era o argumento do Executivo? Não é uma previsão de gasto,
Ver. Brasinha, era uma previsão de critério, porque, enfim, colocar brinquedos
nas escolas já é um quesito – as escolas têm que ter, porque têm crianças,
porque brincar faz parte da educação. A Vereadora aqui tentava incidir em quais
brinquedos, dando conta da inclusão, pois a criança com deficiência tem que ter
brinquedo adaptado. E o Executivo, aqui presente, incidia nos Vereadores; eu
tive que prorrogar a votação, cancelar, transferir a votação algumas vezes,
Ver. Brasinha, porque o Executivo dizia: “Não, Vereadora, nós já estamos
fazendo!” Eu dizia: sim, vocês estão fazendo. Nós queremos que esta política
seja uma política para além do atual gestor, seja uma política de Estado, seja
uma legislação. E o Executivo dizia: “Não, isso é demagogia! Não, vocês não
pode obrigar!” Ou seja, era a tua síntese, que o principal obstáculo da ação
legislativa vem do Executivo, não fazer ou não querer que os outros façam; e eu
traria uma dimensão: o não reconhecer as iniciativas do Legislativo. Acho que o
Executivo barganha muito com o Legislativo – barganha, ele não respeita. Bom,
essa é a minha vivência com os Executivos, a partir da minha vivência de
Vereadora. Eu acredito que não sejam todos os Executivos, mas, de forma geral,
há uma barganha: se eu conceder ao Vereador que ele faça essa iniciativa que
ele tem; eu conceder a hegemonia do Executivo, por quê? Porque tem uma maioria.
“Bem, mas o Vereador, então, fica me devendo uma.” Nesse caso, quando não tem
razões para conceder, Ver.ª Fernanda, corta, boicota ou veta, como aconteceu
com muitos projetos de minha autoria, alguns que nós conseguimos, pela
hombridade do Legislativo, derrubaram o veto.
Então, Jorge, acho que o teu estudo é muito
importante de ser apropriado pela sociedade, porque, muitas vezes, a sociedade
não entende por que o Legislativo não resolve isso, não resolve aquilo, não
resolve aquele outro, e, sobre ele, as pessoas perguntam: “Vereador, para que
serve aquela Câmara de Vereadores?” E tu colocaste muito bem todos os
obstáculos. A ressalva que eu faço é que alguns obstáculos são legítimos, são
da gestão democrática da educação.
Parabéns, Jorge, muito obrigada pela tua
contribuição, seja pela reflexão, mas especialmente pelo teu trabalho como
exemplar servidor do Legislativo Municipal. Um grande abraço.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. ALBERTO
KOPITTKE (Requerimento): Sr. Presidente, tendo em vista que vamos encerrar
aqui este Comparecimento, deixando a saudação também ao brilhante trabalho do
Jorge, solicito o adiamento do período de Comunicação de hoje para a próxima
Sessão.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago): A Ver.ª Sofia falou em Tempo Especial, então há possibilidade de as
Comunicações serem postergadas.
Em votação o Requerimento de autoria do Ver.
Alberto Kopittke. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como se
encontram. (Pausa.) APROVADO.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h59min.)
O
SR. PRESIDENTE (Dr. Thiago – às 16h): Estão reabertos os trabalhos.
O
Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Passo a condução dos trabalhos à
Ver.ª Sofia Cavedon.
(A Ver.ª Sofia Cavedon assume a
presidência dos trabalhos.)
O
SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado, Sr. Presidente, Dr. Thiago. Srs.
Vereadores, Sras. Vereadoras, estamos passando por um período de bastante
brincadeira, Ver. Brasinha, mas faz parte do jogo político. Aliás, citando o
seu nome, eu escrevi uma mensagem para V. Exa, filósofo Brasinha, que disse o
seguinte – e é verdade, colegas: “O bom é ser oposição, não faz nada e critica
tudo”.
Eu quero também falar do trabalho do Jorge, que,
com esse trabalho e com tantos outros que ele tem apresentado aqui na Casa, engrandece
esta Câmara de Vereadores. O Jorge tem nos surpreendido positivamente a cada
ano, e eu já estou aqui já há algum tempo. Parabéns, Jorge, por elevar o nome desta Casa; essa pesquisa científica eleva, sim, o nome desta Casa e
nos deixa uma mensagem. A população pouco conhece o que estamos fazendo, e nós
podemos fazer mais. Muito obrigado.
Gostaria de citar a
presença do Cristian Nunes, de Bento Gonçalves, e também do Angelo Gross, de
Gravataí. É a família do Partido Republicano da Ordem Social – PROS, que já
está se espraiando pelo Rio Grande!
Ver. Brasinha, nós
não somos oposição e nem situação. Eu sei que V. Exa. é um homem que defende o
Governo e eu o admiro por isso. V. Exa. sabe o quanto nós temos votado com o
Governo e vamos continuar votando, porque nós não fazemos oposição por
oposição. Aliás, o PROS não é oposição e também não é da situação, ele é das
boas causas.
Nós, nos últimos
tempos, optamos por não fazer aquelas peleias desnecessárias; apenas, às vezes,
saímos às ruas de Porto Alegre para fazer a leitura do nosso jornal. Esse aqui,
por exemplo, é do dia 5 de outubro. (Mostra fotografias.) Nós retornamos lá no
dia 7 de outubro. É um buraco, na Av. Teresina, que não foi consertado e tem um
sofá ali dentro! Nós retornamos no dia 8 de outubro, Ver. Brasinha. Depois
voltamos no dia 9 de outubro, quando houve um progresso, colocaram um cavalete!
Sabem por que tem aquele jornal no cavalete? Para provar que é no dia 10, o
jornal do dia. Claro que temos que rezar para não chover, para não ventar... E
não pensem os senhores e as senhoras que é um buraquinho, olhem aqui: não é
pouca coisa! Nós retornamos hoje, no dia 10 de outubro. Nós estamos ali
atrapalhando um pouco o trânsito, mas chamando a atenção para que não ocorra um
acidente maior. Lá no meio da avenida, lendo um jornalzinho, é uma das
maneiras que nós escolhemos para chamar a atenção das coisas que precisam ser
feitas e nós temos uma admiração muito grande pelo Prefeito Fortunati. Eu tenho
a impressão que essa composição, com vários partidos, tem que acomodar um monte
de gente e acaba escapando um ou outro que não tem capacidade e que, de
repente, está lá num ponto estratégico do Município e que precisa ser, vamos
dizer assim, mandado embora, porque senão compromete toda uma administração.
Nós temos pontos estratégicos no Município que
precisam ter pessoas ágeis. Nesse lugar não pode, tem que ir lá e não recuar,
só sair de lá quando for consertado, pois vai acontecer um acidente. Ver.
Brasinha, desculpa, não é uma brincadeira, é o meu trabalho, é o nosso
trabalho.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Alberto Kopittke está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ALBERTO
KOPITTKE: Sra. Presidente, Ver.ª Sofia Cavedon; caros colegas; todos que nos assistem
pela TVCâmara e aqui no plenário; venho hoje em Liderança do meu Partido, o PT,
para tratar de dois temas bastante relevantes que se fecharam esta semana e que
tem uma perspectiva bastante estratégica para todos nós, para todos nós
cidadãos aqui de Porto Alegre, gaúchos. O primeiro deles diz respeito à dívida
do Estado com a União. Em 1998, foi feita a negociação da dívida, então no
Governo Britto, a dívida naquele momento era de R$ 8 bilhões, números
atualizados para hoje. Em razão do indexador que se utilizou naquele momento
para reajuste e da forma de cálculo de juros sobre juros, nós chegamos a uma
dívida – dados de ontem – de R$ 42 bilhões. Mesmo o Estado tendo pago de 1998
até 2013, religiosamente, a sua parcela com a União de mais de R$ 2 bilhões, a
dívida não parou de crescer e nós saímos dos R$ 8 bilhões para R$ 42 bilhões a
dívida do Rio Grande do Sul. Finalmente, ontem o Governo Federal anunciou a
renegociação das dívidas com os Estados, o que vai fazer com que o Rio Grande
do Sul, já em 2013, pela primeira vez desde 1998, tenha a redução da sua dívida
em R$ 800 milhões. É a primeira vez que o saldo da dívida não vai aumentar para
nós, gaúchos, nessa relação que era, Alceu Brasinha, totalmente equivocada com
o Governo Federal.
Então, essa é uma vitória, sim, de todos os
gaúchos, da relação do Governador Tarso com a Presidenta Dilma, Governador que
liderou essa frente de governadores pela renegociação da dívida. E ontem,
finalmente, nós tivemos essa grande vitória, que fará com que, em 2027, que é o
ano final da negociação da dívida, até lá, a dívida passe a diminuir a partir
deste ano, ano até ano. Então, é uma grande vitória que, com certeza, vai
trazer muitos frutos para o futuro do Estado. Isto aqui não é só para o próximo
governo; é para quem for governar o Estado, é uma vitória de todos nós, gaúchos
e gaúchas.
E a segunda ação, que acho que também é dessas ações que nós plantamos hoje e vamos enxergar no futuro, é a decisão do metrô, que a Presidente Dilma virá anunciar no sábado, pela manhã, em que a União irá arcar com 70% dos recursos que serão investidos – o Governo do Estado com mais 15% e a Prefeitura de Porto Alegre com outros 15%. São ações como essa, Ver.ª Sofia Cavedon, que nos dão imenso orgulho do projeto que nós temos hoje no País e no Rio Grande do Sul, e que dialoga, sim, com o governo Municipal. Independentemente do fato de sermos aqui oposição ao Governo Municipal, nós temos, e sempre reafirmamos, um compromisso com a cidade de Porto Alegre. E o anúncio do primeiro metrô que a Presidenta vai fazer, além de tantas obras de grande porte que estão em curso, em razão do modelo de desenvolvimento nacional que o País vem tendo, que nós efetivamente vamos ter essa grande conquista. Então, vejam que eu falei aqui, ao mesmo tempo, de uma diminuição da dívida e de um investimento público, o que é a contramão do chamado, antigamente dito, déficit zero. O País e o Rio Grande do Sul crescem, e a Cidade tem obras quando o Poder Público investe, não quando ele retrai e diminui os seus custos. Este é o Estado de que tantos reclamavam, o Estado que acaba amedrontando alguns que apenas sabem ir até ele quando é para pedir financiamento para empresas privadas. Mas nós temos que destacar aqui o Estado brasileiro, o Estado que todos nós, contribuintes, construímos nesse novo modelo em que finalmente os juros e os recursos públicos vêm conseguindo se reconstruir e vir para dentro do País para obras, para investimentos. Aquilo que faltou dos anos 1960 aos anos 1990 e que agora nós temos visto erguer em toda todas as nossas cidades. Ainda há muito que fazer, há muito que recuperar, mas este é o País que a Presidente Dilma e o Rio Grande do Sul, que o Governador Tarso vem construindo, mesmo que alguns não queiram ver, mas o futuro está sendo plantado, finalmente, nos tempos de hoje. Obrigado, Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Apregoo o Memorando de autoria do Ver. Engº Comassetto, que
solicita representar esta Casa no evento audiência pública Cadeia Produtiva do Carnaval,
no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, nesta Cidade, no dia 11 de
outubro de 2013.
O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
ALCEU BRASINHA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, eu falo no período de
Liderança pelo meu Partido, minha bancada, cujo Líder me permite vir aqui
falar, Cassio “Astrogildo”, que está no gabinete, e os Vereadores Elizandro
Sabino e Paulo Brum.
Eu, Ver.ª Sofia, estava lá no Parque Germânia, há
poucos minutos, onde ocorreu o lançamento da Feira do Livro Infantil, muito
importante, em parceria com o Secraso. Lá estava o Ver. Roni, comandando a
abertura dessa feira. Havia mais de 5 mil crianças lá – agora, à tarde, no
Parque Germânia. Muito importante, estavam muitas crianças, estava o Luiz
Coronel, estava o Tenente-Coronel Biacchi, lá do 11º. E, Ver. Mauro Pinheiro,
quando as pessoas falam coisas boas, eu gosto de contar e fico muito
satisfeito, porque falo de livre e espontânea vontade. O Coronel se aproximou e
me disse: “Brasinha, tu já ajudaste muitas vezes as viaturas do 11º. Graças a
Deus, se hoje eu precisar trocar pneu de duas viaturas, de três viaturas, tem”.
E eu fiquei muito satisfeito, porque esse é um trabalho de Governo. Eu lembro
que, às vezes, as viaturas não tinham pneus para andar. Graças a um trabalho de
Governo, não precisa a Brigada Militar sair no comércio pedindo pneus.
Então, fico feliz, porque faz tempo, Ver.ª Mônica,
que este Governador vem me chamando a atenção. Eu critico as coisas, mas o
Governador vem me chamando a atenção pelo bom trabalho que está fazendo. Desde
quando recebeu os taxistas na sua casa, eu fiquei impressionado por ele ter
tomado aquela atitude. Ele visitou todo o Interior no seu Governo, o que me
deixou muito contente, também. As coisas boas temos que reconhecer. Eu sou um
Vereador do PTB e critico muito os 16 anos da administração do PT, porque foi
uma verdadeira vergonha, mas, no Governo do Estado, estou gostando do bom
trabalho que vem fazendo o Governador.
E mais ainda: nesta semana, o Governador esteve no
programa de televisão Roda Viva, e a nossa jornalista política Rosane de
Oliveira questionou o Governador Tarso, que foi muito autêntico na sua
resposta.
Então, sou um Vereador que, realmente, quando
acontece esse trabalho que deve ser reconhecido...
A Yeda teve uma boa participação no Governo, assim
como o Germano Rigotto; o próprio Olívio Dutra... Na época, lembro, foi um
desastre, a Brigada Militar não tinha nem combustível para circular, e, hoje, o
Governador Tarso mantém o Estado bem. Não é de primeira qualidade, mas está
muito bem. Eu, realmente, fiquei impressionado, porque, dois dias atrás, vim a
esta tribuna falar sobre as viaturas da Polícia Civil que estavam chegando.
Então, é um trabalho de Governo, e a gente tem que reconhecer quando o trabalho
é bom. É o mesmo que o nosso Prefeito Fortunati aqui em Porto Alegre: aqui na
Cidade, ele faz o seu trabalho muito bem.
Eu acho que tem que se falar das coisas boas. E o
comércio, o pequeno empresário fica muito satisfeito quando tem viaturas na
rua, circulando, Ver.ª Mônica Leal. Eu sei que a senhora é uma defensora da
segurança. O nosso querido Coronel, seu pai, é muito parceiro. E tenho certeza
absoluta de que, quando a gente enxerga uma viatura nova, a Brigada por perto,
estrategicamente posicionada, ficamos muito satisfeitos. Não é só por causa do
Governador, mas é um bom trabalho, em conjunto, da segurança, dos chefes de
polícia, dos chefes da Brigada Militar e do comandante-geral que fazem esse
trabalho. Trago minha visão como comerciante, como Vereador, como pequeno
empresário. Sempre vou falar das coisas boas que acontecem com este Governo; e,
se acontecerem coisas ruins, também vou falar, vou criticar. Estou olhando com
muita atenção o que vem acontecendo no Estado, e o Governador Tarso Genro está
de parabéns pelo bom trabalho que vem fazendo no Governo do Estado e, quem
sabe, mais tarde, no Brasil também.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Ver.ª Mônica Leal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. MÔNICA
LEAL: Sra. Presidente, Ver.ª Sofia Cavedon; ocupo esta tribuna para divergir
frontalmente do meu colega Ver. Alceu Brasinha. Eu não sei em que país o Ver.
Brasinha está, mas cheguei à conclusão de que nós não vivemos no mesmo. Porque,
se tem uma coisa que está mais do que comprovada, pelas estatísticas, que vai
muito mal, é a segurança. E é muito fácil comprovar. Nós temos uma defasagem de
efetivo enorme. O efetivo da época do Governador Jair Soares é o mesmo de
agora, só que a população cresceu. E o medo? O medo é constante, porque a gente
sai nas ruas e não sabe se volta. E não sou eu que estou dizendo isso. Eu vou
ler alguns trechinhos que ilustram que não é nem rico, nem pobre, nem cidadão
de classe média; todos nós estamos à mercê da bandidagem. Por que à mercê?
Porque não tem policiamento ostensivo na rua. Segurança se faz com policiamento
ostensivo.
Vejam bem a matéria: “Coletivos viram caixa
rápido”. Agora, a bandidagem descobriu que uma bela forma de fazer dinheiro é
assaltar ônibus; é um caixa rápido, Ver. Pedro Ruas! Não tem policiamento. O
ônibus para na parada, os marginais invadem, os delinquentes, os bandidos,
roubam, e não tem policiamento, não tem problema nenhum. Mas não vamos ficar
por aí. “Caso de arrastão preocupa donos de restaurantes”. O que antes se via
apenas nas grandes capitais – Rio de Janeiro, São Paulo – agora Porto Alegre,
senhores e senhoras, está passando por isso. Os restaurantes estão sendo
invadidos por bandidos que sacam a arma e alcançam para o cliente uma cestinha,
uma cestinha tipo aquela de igreja, em que fazemos uma doação, só que é
diferente: aqui eles levam, eles roubam as carteiras, os celulares com arma na
cabeça dos donos, dos proprietários. Agora eu pergunto: essa é a segurança que
o Ver. Brasinha elogia? Se tem uma coisa boa neste Governo do Tarso, é ele, que
fala muito bem e todos acreditam, porque, de resto, vai muito mal. Não tem
investimento na área da segurança. Mas o Governador, eu aplaudo; eu quero dizer
que ele vai muito bem nas entrevistas, ele fala muito bem, ele encanta e
encanou até o Ver. Brasinha, que saiu elogiando a segurança do Rio Grande do
Sul. Ora, a segurança só não vai pior neste Estado pelos valorosos brigadianos
que fazem essa mesma segurança. E não vou parar por aí, vou ler mais um
pouquinho. O jornalista Vanderlei Soares, que é especialista na área da
polícia, diz o seguinte (Lê.): “Escrivaninhas novas começam a envelhecer
empilhadas em dois andares ocupados pela Susepe – Superintendência dos Serviços
Penitenciários, no Casarão que sedia a Secretaria da Segurança Pública do Rio
Grande do Sul, na Rua Voluntários da Pátria. No pátio daquela Pasta também
repousam cerca de 50 viaturas – Peugeot, Citroën – que possivelmente são
destinadas ao transporte de presos. Esses bens, caros para o bolso do
contribuinte, ao que parece somente serão ativados no momento em que possam dar
motivo para discursos escorregadios de transversalidade na segurança pública”.
Ora, o que eu quero dizer com isso, e está aqui o respeitado jornalista
Vanderlei Soares, é que segurança só é prioridade em época de campanha, porque,
do contrário, nós assistiríamos um policiamento ostensivo nas ruas. Nós todos
temos um sentimento em comum: o medo. Hoje em dia saímos de casa e não sabemos
se vamos voltar. As mães que têm filhos adolescentes parecem zumbis esperando
por eles, porque tudo pode acontecer, pois a bandidagem está à solta. Nós
sabemos que se pode andar quarteirões nesta Cidade que não se encontra um
brigadiano sequer, não existe um carro de polícia, e não sou eu que estou
dizendo, isto é a estatística que mostra.
A respeito de uma notícia que recebi agora:
Carolina Bahia – anúncio do metrô está suspenso. Foi informado, neste minuto,
que devido às dificuldades financeiras que está no rateio da despesa entre
União, Estado e Prefeitura da Capital, o metrô está suspenso. Muito obrigada.
(Revisado pela oradora.)
O SR. ALCEU
BRASINHA: Gostaria de dizer para a Ver.ª Mônica, já que ela citou meu nome, que
realmente eu reconheço o bom trabalho que o Governador Tarso vem fazendo. Se
fizer uma pesquisa, tem muita gente reconhecendo, e a gente tem que reconhecer,
embora eu não seja do partido do Governador. As coisas boas que acontecem a
gente tem que reconhecer.
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Pedro Ruas está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO
RUAS: Sra. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, o que me traz à
tribuna são as notícias de que na Região Metropolitana, o que inclui Porto
Alegre, mas não é somente em relação a Porto Alegre que falo, nós continuamos
com problemas seriíssimos na área de transporte coletivo. Em Viamão, por
exemplo, onde houve uma pequena redução do valor das tarifas, o tipo, a forma e
a qualidade do transporte coletivo piorou muito. O que é uma realidade em
Cachoeirinha, o que é uma realidade em Alvorada, em Gravataí, na verdade, todos
os municípios da Grande Porto Alegre e da Região Metropolitana sofrem do mesmo
problema. Há anos, há décadas os empresários do transporte coletivo usam e
abusam da população. Na verdade, assaltam a população. Os empresários do
transporte coletivo na Grande Porto Alegre há décadas assaltam a população.
Atuam num serviço público delegado sem licitação, cobram o que querem, não se
submetem a nada e a ninguém, mesmo agora com a Medida Provisória nº 617, que o
Governo Federal editou em 31 de maio, isentando de PIS, Pasep, Cofins o serviço
de transporte coletivo, mesmo assim, Ver.ª Fernanda Melchionna, as empresas de
transporte coletivo continuam sem reduzir proporcionalmente as tarifas em
relação aos tributos dos quais foram isentos. Nós temos um típico caso de
enriquecimento sem causa, de enriquecimento ilícito. Repito, há décadas, esses
empresários do transporte coletivo assaltam a população desses Municípios da
Grande Porto Alegre. Não é uma realidade exclusivamente nossa, é uma realidade
nacional, é verdade, mas nós temos tido aqui, Ver.ª Mônica Leal, todo o
conhecimento, inúmeras denúncias, e verificamos nos locais a barbaridade que
acontece.
Eu utilizo este espaço na tribuna, dirijo-me a quem
está nos assistindo neste momento que sabem e muitas vezes padecem dessa
realidade, para que haja uma mobilização popular intensa, para que as pessoas
se deem conta de que é um direito seu, sim, o transporte coletivo digno, de
qualidade e de bom preço, de que é um direito seu reivindicar, protestar,
denunciar esses empresários de ônibus, que até mesmo em campanhas eleitorais se
metem, que até mesmo candidatos eles escolhem, certamente vinculados aos seus interesses
de empresários descompromissados com os interesses do povo.
Para nós, é sempre muito triste constatar que essa
realidade dificilmente se modifica. Nós não conseguimos, mesmo com vitórias
parciais, chegar ao âmago da questão, que é o abuso, que é verdadeiramente um
assalto, que é aquilo que mais nós deploramos que é quando a população mais
pobre paga o luxo e as vantagens das elites. É isso que ocorre, Ver.ª Sofia
Cavedon, no transporte coletivo de Porto Alegre e de toda a Região
Metropolitana, de forma intensa, de forma escandalosa muitas vezes, a ponto de,
em Cachoeirinha, algumas linhas sequer estão funcionando depois da redução da
tarifa. Por isso, fica aqui, de novo, o nosso protesto; fica aqui, de novo, a
nossa denúncia que não vamos parar de falar enquanto alguma modificação
concreta, real, efetiva não acontecer que beneficie finalmente os usuários
necessários do transporte coletivo em toda a Região Metropolitana.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mario Fraga está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. MARIO
FRAGA: Ver.ª Sofia Cavedon, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, público nas
galerias, público que nos assiste pela TVCâmara, em especial Vereadoras Mônica
Leal, Fernanda Melchionna e Ver. Pedro Ruas, que ainda estão conosco neste
momento, a Sessão foi realmente produtiva, de um jeito ou de outro; a nossa
quinta, em que não temos votação, Ver. Pedro Ruas, foi produtiva. V. Exa.
trouxe um tema atualizado sobre transporte coletivo, em especial sobre a tarifa
na Grande Porto Alegre, porque comparando umas tarifas que tem em Pelotas,
Cachoeirinha e Porto Alegre, Porto Alegre se mantém dentro de um padrão de
tarifa de capital.
Mas quero falar que também por isso, sobre o tema
da Tribuna Popular de hoje, quando veio a Escola Amigos do Verde, a nossa
discussão, junto com as Vereadoras Fernanda e Sofia, com o Ver. Sgarbossa... Eu
saí daqui e liguei para o Secretário Urbano Schmitt, passei o assunto para ele;
hoje eles estão numa reunião de secretariado com seus adjuntos, mas ele já
sabe, já tem conhecimento – a Ver.ª Any Ortiz já tratou bastante desse tema –,
e o convidamos para vir à CEDECONDH. Ele vai esperar o convite, mas em
princípio ele disse que a solução... Estou falando aqui da tribuna, porque sou
muito claro, e a solução já está dada lá, mas eu disse que queria falar
politicamente com ele e gostaria que ele estivesse na Casa. Ele demonstrou que
viria, mas que não tem solução. Digo isso claramente. Mas eu, no meu conceito –
e a Ver.ª Any esteve comigo depois da Tribuna, já me mostrou no papel, no
desenho, nós ficamos de ir lá – eu quero conhecer in loco... Conheço de passagem, mas pretendo ir o mais urgente, no
início da semana, segunda ou terça-feira, ao local, para ver essa metragem de 5
metros, de 3,6 metros, da diferença de 1,40 m, que parece que o Governo pode
realizar essa diferença de 1,40 m, e o Governo, no momento, o meu Governo, diz
que não pode fazer essa diferença, Ver.ª Sofia, que também participou das
discussões.
Também quero dizer, mudando para um assunto mais
ameno, Ver. Pedro, nós que já estamos na idade agora de sermos avôs, curtir
essa, não é, Ver.ª Fernanda? E nós vamos fazer uma festa – o Ver. Pedro me
conhece há bastante tempo –; eu sempre realizo as festas na nossa comunidade.
Nós já estamos fazendo há três anos, em parceria com o Botekas, que é um dos
restaurantes, com lancheria e tele-entrega, que nós temos em Belém Novo. Será
domingo, na praça de Belém Novo; estamos preparados para fazer uma festa para
mil crianças, com a participação do Leonardo Vieira, do conjunto Consumo
Próprio, que fará a apresentação. Convido todos os Vereadores – Reginaldo
Pujol, Márcio Bins Ely, Tarciso, que sempre comparece à nossa região; já falei
para o Delegado Cleiton – para comparecerem à praça Inácio Antônio da Silva, em
Belém Novo, das 15h às 19h. Também quero agradecer ao meu assessor, Vítor, pelo
empenho. Nos últimos dias, a gente havia esquecido da EPTC, e conseguimos,
ontem, através do Emerson Correa, que a EPTC feche a quadra, para as crianças
ficarem mais tranquilas na praça e no entorno dela.
Por último, Ver.ª Sofia – já tenho falado bastante,
mas gostaria de falar mais uma vez –, gostaria de deixar um apelo ao Governo
Estadual: que dê uma olhada na Escola Tancredo Neves, lá no Parque Lavoura. A
Escola está há quatro anos abandonada, com o prédio interditado, e o edital
está na Selic e até hoje – desde março estou cuidando – não sai. Então, fica o
apelo aos nobres colegas do PT, em especial à Ver.ª Sofia e ao Ver. Mauro
Pinheiro. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Com certeza, Ver. Mario Fraga.
Apregoo o Memorando nº 71/13, de autoria do Ver.ª
Lourdes Sprenger, que solicita representar esta Casa na inauguração
do laboratório de análises clínicas, a convite do Hospital Beneficência Portuguesa na Cidade de Porto Alegre, no dia
de hoje.
Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 16h33min.)
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